SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Força Aérea de Israel disse ter lançado 6.000 bombas na Faixa de Gaza na primeira semana de guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas. Em média, 1 explosão a cada 2 minutos.
A resposta de Tel Aviv aos ataques do 7 de Outubro já matou mais de 1.900 pessoas no lado palestino. Crianças são um terço das vítimas.
Em toda a extensão da Faixa de Gaza, bombardeios israelenses atingiram alvos civis, como hospitais, campos de refugiados, prédios residenciais, veículos de imprensa e universidades. Ao menos sete jornalistas morreram.
Israel diz que seus alvos são bases do Hamas e que se esforça para evitar danos a civis no território com 2,2 milhões de residentes.
“Estamos todos apavorados”, disse o brasileiro Hasan Rabee, 30. Ele está com a família em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, para onde milhares de pessoas se deslocaram depois que Israel deu um ultimato aos moradores da região norte.
“Muitos inocentes serão mortos no norte de Gaza. Tenho certeza de que vai acontecer um massacre”, afirmou Rabee.
Na terça-feira (10), um bombardeio de Israel matou 22 membros de uma família em Khan Yunis. Na quinta (12), 45 pessoas morreram sob os escombros de um prédio residencial atingido no campo de refugiados Jabalia.
Também houve bombardeios no posto de controle de Rafah, única rota de fuga para o Egito. As autoridades do Cairo resistem à pressão internacional para abrir a fronteira e receber os refugiados.
Há pelo menos 22 brasileiros em Gaza que esperam fugir para o Egito para serem repatriados, sem sucesso até aqui.
Além dos bombardeios incessantes, Tel Aviv impôs um cerco total a Gaza e cortou o fornecimento de eletricidade, água e comida. A situação humanitária, que já era aguda antes da guerra, chegou à beira do colapso, e não há previsão de entrega de ajuda humanitária.
Ao menos 423 mil pessoas já deixaram suas casas na Faixa de Gaza ao longo da última semana, segundo as Nações Unidas. Em 1948, quando o Estado de Israel se estabeleceu, cerca de 750 mil palestinos foram expulsos de suas casas no território e se tornaram refugiados em Gaza, na Cisjordânia e outras partes do mundo. Três em cada quatro palestinos em Gaza são membros de famílias oriundas de terras do outro lado da fronteira.
Os palestinos agora temem que, 75 anos depois do que chamam de “Nakba”, ou catástrofe, um novo deslocamento em massa ocorra na região acompanhado de um morticínio sem precedentes.
Israel se prepara para invadir a Faixa de Gaza a fim de aniquilar a liderança do Hamas e resgatar as mais de cem pessoas sequestradas por terroristas no sul de Israel e mantidas como reféns. O grupo terrorista diz que ao menos 13 reféns morreram nos bombardeios até agora.
Israel já realizou duas grandes incursões contra a Faixa de Gaza desde a retirada de tropas e colonos de 2005. Operações terrestres contra o Hamas em 2009 e 2014 duraram algumas semanas e terminaram com dezenas de soldados israelenses mortos -além dos milhares de mortos do lado palestino, a maioria civis.
DANI AVELAR / Folhapress