Itamaraty diz que filho de cidadão brasileiro foi ferido em conflito na Cisjordânia

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Itamaraty informou nesta sexta (23) que há um menor de idade filho de um cidadão brasileiro entre os mais de cem feridos na escalada de violência que ocorre na Cisjordânia —ele foi baleado na cabeça e no ombro na invasão do vilarejo palestino de Turmus Ayya por colonos israelenses.

O Ministério das Relações Exteriores não deu detalhes do caso, que está sendo acompanhado pelas autoridades consulares, e afirmou ver com consternação a escalada da violência no território.

Apesar de a nota exortar o fim imediato das hostilidades de “todas as partes envolvidas”, o texto é mais duro com o governo israelense, que ocupa a Cisjordânia. “O governo brasileiro expressa profunda preocupação com o anúncio do governo israelense de expansão de assentamentos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em violação do direito internacional”, afirma o comunicado.

Os confrontos entre Israel e Palestina recomeçaram na última segunda-feira (19), e na quarta a coalizão do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou planos para ampliar a presença de colonos israelenses na região. De acordo com o gabinete mais à direita da história do país, a ideia é avançar com mil novas casas no assentamento de Eli, o que potencialmente duplicaria a população no local.

Desde a última segunda-feira (19), quase 20 pessoas morreram em conflitos que envolvem militares e colonos israelenses, civis palestinos e membros das facções Hamas e Jihad Islâmico.

Na quarta (21), um drone israelense matou três militantes na Cisjordânia, e mais de 200 colonos invadiram Turmus Ayya, onde incendiaram terrenos, casas e veículos. Em meio ao ataque, um palestino foi morto a tiros e outros 12 ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

Os ataques foram uma retaliação a uma ação do Hamas, na terça (20), que matou quatro israelenses e feriu outros quatro. A ofensiva da facção, por sua vez, foi uma resposta a uma operação com helicóptero do Exército de Israel que deixou sete palestinos mortos e mais de 90 feridos na segunda-feira.

Autoridades israelenses disseram que a ação ocorreu após tropas do país serem atacadas em uma ação para capturar integrantes da organização extremista Jihad Islâmico no campo de refugiados de Jenin.

As mortes desta semana elevam a mais de 200 o número de vítimas no conflito desde o início do ano.

A Cisjordânia, onde palestinos querem estabelecer um Estado independente, assiste a crescentes níveis de violência enquanto as negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos estão paradas há quase dez anos. O território é ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Durante esse período, o país avançou com assentamentos que a maioria das potências mundiais considera ilegais —Washington, por exemplo, costuma pedir a Tel Aviv que não prossiga com projetos como o que foi anunciado na quarta.

Atualmente, cerca de 490 mil israelenses convivem com quase 2,6 milhões de palestinos na região.

As preocupações em torno da situação no território ocupado também foram vocalizadas pelo alto comissário da ONU para direitos humanos, que fez um alerta nesta sexta (23) para o cenário de tensão na Cisjordânia. Em nota, Volker Turk vê chance de a violência “sair do controle” e pede que Israel cumpra a lei internacional, garantindo “a ordem pública e a segurança no território palestino ocupado”.

“A violência na Cisjordânia ocupada corre o risco de sair do controle, alimentada por uma retórica política estridente e uma escalada no uso de armamento militar avançado por Israel”, disse Turk. “Para que esta violência acabe, a ocupação tem que acabar. Como potência ocupante, Israel também tem a obrigação, com base no direito humanitário internacional, de garantir a ordem pública e a segurança no território.”

MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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