Jade Barbosa descarta aposentadoria e exalta sucesso feminino em Paris

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dezenas de pessoas reunidas nesta sexta-feira (9) no Parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo, gritavam pelos nomes das ginastas Flávia Saraiva, Júlia Soares, Lorrane Oliveira e Jade Barbosa. A euforia não é sem motivo.

Lideradas por Rebeca Andrade, elas conquistaram a medalha de bronze por equipes da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris — feito inédito para a modalidade.

“É realmente difícil colocar em palavras todos os nossos sentimentos. Desde o momento em que nós pisamos nas Olimpíadas, foram muitos treinos, muitas horas, muitas pessoas e muito trabalho duro”, disse Jade Barbosa.

A ginástica foi um dos destaques do Brasil nessas Olimpíadas, ganhando quatro medalhas, empatado com o judô. “Nós saímos de um país que não tinha uniforme, em que a gente fazia vaquinha para competir. Era muito amor para que a modalidade pudesse competir.” Jade diz.

Segundo ela, esse cenário mudou à medida que as ginastas ganharam competições. “Cada medalha foi importante para que chegássemos à estrutura que temos hoje.”

Com o bronze na disputa por equipes, a atleta do Flamengo acumula agora quase cem medalhas — a última delas, antes do bronze de Paris, o ouro na Copa do Mundo de Ginástica Artística em março deste ano.

Por ora, ela não pretende se aposentar. “Eu ainda tenho mais ginástica. É claro que os anos passam, as dificuldades vão aparecendo, mas tecnicamente eu ainda tenho ginástica. Só não sei quanto de validade isso vai ter”, diz ela, acrescentando que vai continuar no esporte enquanto tiver excelência para isso. “Eu tenho notas necessárias para estar na equipe.”

No último aparelho pelo qual o Brasil passou em Paris, Jade foi a primeira a saltar e, mesmo com um desequilíbrio na aterrissagem, fez 13.366.

O time havia chegado à final duas vezes, em 2008, em Pequim, e em 2016, no Rio de Janeiro. Em ambas, terminou em oitavo lugar. E, em ambas, contou com Jade Barbosa, hoje com 33 anos, figura que se tornou histórica em Paris.

Na disputa por equipes, Rebeca foi o grande trunfo do Brasil. Como nos aparelhos anteriores, a guarulhense foi a última do time a executar sua performance e entregou o que dela se esperava. Com 15.100, obteve a melhor nota da noite e elevou o time à terceira colocação.

Antes da competição, Flávia Saraiva levou uma queda enquanto fazia seu aquecimento nas barras assimétricas, ficou com o olho direito inchado e teve um corte profundo no supercílio. “Foi um susto grande. Mas tinha que ser daquele jeito. Tinha que ser na superação. Para a gente nada é fácil. Aquela noite foi mágica pela queda e pela superação.”

Questionada sobre o futuro da equipe, a ginasta diz não saber se o grupo continuará o mesmo ou não. “Está muito cedo. Queremos aproveitar um pouco mais a nossa conquista”, diz ela. “Cada ano que passa a gente está melhorando cada vez mais”, acrescenta.

Essas Olimpíadas têm sido marcadas também pelo predomínio feminino nos pódios. A maioria das medalhas conquistadas pelo Brasil foi garantida por atletas mulheres. “Isso é uma conquista para o esporte brasileiro. Não tem preço”, diz Jade. “E vai aumentar. A gente conseguiu inspirar mulheres a levar esporte como profissão”.

MATHEUS ROCHA / Folhapress

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