RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Janja criticou nesta quinta-feira (14) a postura do governo da Argentina nas negociações do G20. Os representantes do governo de Javier Milei se opuseram a trechos na declaração final sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
“O grupo de trabalho de empoderamento das mulheres saiu com uma resolução muito forte, muito potente. Infelizmente, tivemos um país, a Argentina, que por questões, enfim, não assinou a resolução, porque tinha lá no começo da resolução [o trecho] ‘igualdade de gênero'”, disse Janja durante discurso na cúpula de abertura do G20 Social, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
“Não consigo conceber que a gente possa pensar um mundo daqui para frente sem termos igualdade de gênero. Não consigo pensar em algum país que se negue a assinar uma declaração dessa”, acrescentou a primeira-dama.
A delegação de Buenos Aires também tem levantado objeções a menções, no texto em negociação, aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e à Agenda 2030 da ONU 17 metas adotadas em 2015 para promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta até o final da década.
Negociadores do grupo que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes do globo se encontraram na última terça-feira (12) no Rio para começar a negociar um documento final que possa ser chancelado pelos chefes de Estado e de governo, que se reunirão na cidade a partir da próxima segunda-feira (18).
Em outubro, os argentinos já haviam se recusado a endossar um texto negociado por ministros justamente sobre igualdade de gênero. Foi uma das poucas reuniões de ministros que terminaram sem uma redação aceita por todos os países representados.
Além de Janja, compunham a mesa de abertura do G20 Social o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Margareth Menezes (Cultura), Camilo Santana (Educação), Cida Gonçalves (Mulheres) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
O ministro Fernando Haddad (Economia) não compareceu. A deputada federal licenciada Rosângela Gomes (Republicanos-RJ), secretária estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, representou o governador Cláudio Castro (PL), outra ausência.
Edna Roland, uma das fundadoras do Instituto Geledés, representou a sociedade civil brasileira. Também discursou Nandini Azad, representante da Índia e membro do Fórum de Mulheres Trabalhadoras, Rede de Cooperativas de Mulheres da Índia.
ABERTURA DO G20 SOCIAL TEM PARABÉNS DE JANJA A PAES E EMPURRA-EMPURRA
O Museu do Amanhã recebeu a cúpula de abertura do G20 Social, com a presença de ministros, da primeira-dama Janja Lula da Silva e do prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD). Antes do início dos discursos houve confusão entre a organização do evento e visitantes.
Parte do público não conseguiu entrar no auditório, com capacidade máxima de 374 pessoas, e houve empurra-empurra. Enquanto isso, outros visitantes acessavam as dependências Museu do Amanhã, que funcionou normalmente ao longo do dia.
No discurso de Janja, marcado por falas sobre a importância da participação de mulheres nos debates ao redor do G20, também sobrou afagos ao prefeito Eduardo Paes (PSD), aliado de Lula (PT) e aniversariante desta quinta (14).
“Parabéns, Eduardo. Samba e chope depois na Gávea Pequena”, brincou Janja, fazendo referência à residência oficial do prefeito.
Primeiro a discursar, Paes já havia brincado com Janja sobre a presença de Lula no Rio, prevista para a noite desta quinta.
“O Rio é a autoproclamada capital do G20. Brasília pode até ter tirado esse título de capital do Brasil da gente, mas a gente deu um jeito de arrumar outro rapidinho. Sei que se dependesse da Janja o presidente ficaria mais aqui do que em Brasília e a capital voltava para o Rio de Janeiro, não é Janja?”, brincou Paes, que recebeu sinalização negativa de Janja com os dedos.
“Melhor não falar que pode dar escândalo amanhã”, concluiu o prefeito.
No início da noite, Janja e Paes estiveram novamente juntos, como mestres de cerimônia do festival Aliança Global contra a Fome a Pobreza, na praça Mauá. A primeira-dama comparou o evento ao Live Aid, em 1985, contra a fome na Etiópia, e ao festival Lula Livre, em 2018, quando Lula estava na prisão.
“Hoje novamente a música e a arte se unem para combater a fome a pobreza no mundo. Estou muito feliz de estarmos reunidos no Rio para esse momento histórico”, disse Janja.
YURI EIRAS / Folhapress