BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, disse nesta terça-feira (14) que a política é complexa, mas que o presidente Lula (PT) está comprometido com a igualdade de gênero.
A declaração foi feita durante evento sobre o tema no Palácio do Planalto, com participação de ex-presidentes mulheres, como Michelle Bachelet, do Chile, e Laura Chinchilla, da Costa Rica, e ocorre após demissão de duas ministras do governo Daniela Carneiro, do Turismo, e Ana Moser, de Esportes.
Lula tem sido pressionado a indicar uma mulher para a vaga do STF (Supremo Tribunal Federal), o que também não deve ocorrer.
“Às vezes a gente acha que está difícil, que não podia ter feito isso ou aquilo outro, mas a política é bem complexa. Às vezes, nos obriga a algumas coisas. Mas quero afirmar aqui a determinação do presidente Lula de trabalhar conosco para buscar igualdade de gênero”, disse Janja a uma plateia majoritariamente de mulheres.
A primeira-dama sempre colocou a questão de gênero como uma de suas bandeiras. Ela disse ainda, em sua fala, que é alvo de machismo e misoginia no seu posto.
Janja ressaltou a importância da lei da igualdade salarial, disse que as cotas dos partidos políticos de 30% para mulheres “já não são suficientes” e defendeu mudança na legislação.
As baixas no governo não se restringiram aos dois ministérios, mas alcançou ainda a Caixa Econômica Federal, que estava sob o comando de Rita Serrano. Para todos esses cargos, Lula nomeou homens indicados pelo centrão.
As trocas fazem parte de negociação do governo com partidos políticos para criar uma base de apoio no Congresso e aprovar pautas de seu interesse.
Porém o petista tem sido criticado pelas mudanças, sobretudo porque, no início do ano, o time do presidente escalado para a Esplanada tinha um recorde de 11 ministras em 37 pastas. Agora, elas são 9 na Esplanada, com 38 ministérios, além de Tarciana Medeiros no Banco do Brasil.
No final de outubro, Lula atribuiu aos partidos políticos aliados a falta de mulheres no governo e disse não poder fazer nada quanto a isso.
“Acontece que, quando você estabelece uma aliança com um partido político, nem sempre esse partido tem uma mulher para indicar. Mas isso não quer dizer que eu não posso, no governo, tirar o homem e colocar mulher. Eu ainda posso trocar muita gente”, disse, durante café da manhã com jornalistas.
“Eu lamento, porque o que eu quero fortalecer no governo é passar a ideia de que a mulher veio para a política para ficar”, prosseguiu. “Quando um partido político tem que indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada.”
MARIANNA HOLANDA / Folhapress