J&F oferece R$ 10 bilhões e esquenta disputa pelo controle da Braskem

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A J&F, holding dos irmãos Batista, apresentou oferta de R$ 10 bilhões pelas ações da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica Braskem, disputada por outros dois concorrentes em meio a pressões de bancos para receberem empréstimo de R$ 15 bilhões.

A fatia de 50,1% que a Novonor detém na empresa é disputada pela Unipar e pelo consórcio formado pelo fundo Apollo e pela árabe Adnoc. Nesta segunda-feira (10), a Petrobras, que é sócia da Braskem, informou que pediu informações sobre o negócio para avaliar como se posicionar.

A oferta da J&F foi divulgada inicialmente pelo jornal “Valor Econômico” e confirmada pela Folha com fontes que acompanham as negociações. Procurada, a empresa disse que não comentaria o assunto.

É o mesmo valor oferecido pela Unipar, que tem a preferência da Novonor por garantir que o grupo da família Odebrecht permaneça com 4% do capital da companhia e, consequentemente, com uma de suas únicas fontes de receita atualmente.

As ações da Novonor na Braskem, porém, foram dadas em garantia por empréstimo concedido por Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que têm a palavra final sobre o futuro da petroquímica.

Entre concorrentes, a percepção é que a nova oferta é parte de estratégia de credores para ampliar a competição e, em última instância, o valor do negócio.

Segundo a reportagem apurou, a Novonor defende que um operador ligado ao setor petroquímico seria mais adequado para assumir o controle da empresa, que tem unidades industriais no Brasil, no México, nos Estados Unidos e na Alemanha.

A empresa da família Odebrecht vem tentando vender sua fatia na Braskem há anos, mas o processo vinha emperrado pelas próprias dificuldades financeiras do grupo e por incertezas em relação a indenizações pelo desastre ambiental de Maceió, que provocou o afundamento do solo em cinco bairros.

Nesta terça (11), o governo estadual divulgou nota solicitando que o valor das indenizações seja incluído nas negociações. O texto diz que “não faz sentido algum” que o Estado “seja alijado das negociações, visto o interesse público envolvido de milhares de habitantes”.

Envolvidos diretamente no processo, BNDES e Petrobras estariam esperando orientações do governo sobre o tema, afirmou recentemente o presidente do banco de fomento, Aloízio Mercadante.

Fontes próximas à direção da estatal dizem que há desejo de ampliar a participação na petroquímica, mas no comunicado de segunda a empresa afirma não ter tomado qualquer decisão.

A proposta da Unipar condiciona a operação à manutenção da Petrobras como sócia. O consórcio Apollo/Adnoc quis inicialmente assumir toda a empresa, mas já admite comprar apenas as fatias da Novonor.

A Petrobras tem o direito ampliar sua participação oferecendo proposta semelhante à do vencedor ou de vender suas ações pelo mesmo preço pago às da Novonor. A possibilidade de reestatização é vista como remota pelo mercado.

“Decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e aos procedimentos internos aplicáveis”, disse a estatal, no comunicado de terça. A Unipar não quis comentar o assunto.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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