João Campos (PSB) minimiza em sabatina Folha/UOL rusga com PT, celebra Lula e despista sobre 2026

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito do Recife, João Campos (PSB), minimizou o risco de perder eleitores bolsonaristas pela aproximação com o presidente Lula (PT), defendeu que antigas rusgas com Marília Arraes e o PT em 2020 foram “circunstâncias políticas” e desconversou sobre possível candidatura ao governo do estado em 2026.

“As pessoas do Recife sabem que sou eleitor de Lula, que é importante ter parcerias com o governo federal. É uma honra contar numa eleição com o apoio e a visita de um presidente da República”, disse Campos.

“Eu certamente terei eleitores que gostam do Lula e que não gostam do Lula, eleitores que gostam e não gostam do Bolsonaro. Cabe a mim cuidar do Recife, inclusive para aqueles que não votarem em mim”, afirmou em sabatina promovida por Folha de S.Paulo e UOL.

Nas eleições de 2020, Campos disputou o segundo turno para a Prefeitura do Recife com a prima Marília Arraes, então filiada ao PT, hoje no Solidariedade, em disputa tensa e marcada por troca de farpas, inclusive entre os partidos.

Uma das peças televisivas elaboradas pelo PSB de João Campos mostrou um avião com os petistas Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e José Dirceu e os dizeres: “Cuidado, eles querem mandar no Recife”. Já Marília insinuou que João não teria preparo para ser prefeito por causa da idade —ele tem hoje 30 anos.

Mercadante é presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

O prefeito do Recife afirmou que o combate tenso no segundo turno de 2020 foi por conta das “circunstâncias políticas” do momento.

“Tivemos uma eleição disputada, acirrada. Depois daquilo vimos uma frente ampla ser construída para viabilizar a eleição de Lula, com nossos partidos participando disso tudo. No segundo turno de 2022 formamos o palanque com Lula, tendo Marília como candidata a governadora. E eu mesmo votei em Marília no segundo turno.”

“As pessoas compreendem que é uma circunstância política diferente. A vida política é dinâmica”, disse. “Seria bom que não tivesse existido? Seria muito mais confortável. Mas é uma circunstância que você não escolhe, é exposta.”

Com nova aliança firmada, João Campos e Marília Arraes se consolidam na trincheira de oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB). O grupo tentará voltar ao poder em 2026, após as derrotas em 2022, quando Marília perdeu no segundo turno para Raquel Lyra e o PSB, partido de João Campos, sequer foi à etapa final da eleição.

Campos despistou se tem planos de, caso reeleito, deixar a prefeitura para concorrer ao governo estadual em 2026. Nos bastidores a estratégia é vista como possível e a concorrida vaga de vice na chapa das eleições de outubro ainda está indefinida. O PT tenta emplacar o nome de Mozart Salles. “Isso está sendo discutido e vai ser feito de forma tranquila e equilibrada”, disse.

“Meu foco único eleitoral é a eleição de 2024. Meu pai (o ex-governador Eduardo Campos) dizia que cada eleição é uma eleição. A gente precisa respeitar os eleitores. Existe uma liturgia das coisas.”

Durante a sabatina, João Campos afirmou que a prefeitura vai começar um estudo para armar uma parte da Guarda Municipal do Recife. A ideia é começar o armamento da guarda a partir de um grupamento tático, e ampliar caso dê certo.

“Acredito muito numa gestão com resultado. Vamos ter uma equipe treinada, protocolo específico e uma série de metas para fazer um processo seguro e, a partir daí, ter os indicadores que balizam o processo de expansão ou não [do armamento].”

No cenário nacional, João Campos afirmou que o terceiro mandato de Lula é “um governo de muitos acertos, de reconstrução”. Ele admitiu que a direita está à frente da esquerda na mobilização de pautas nas redes sociais e disse que muitas vezes “influenciadores partem para uma comunicação violenta, distorcida”.

Durante a gestão, Campos tem sido criticado pela oposição pela forma como gere as redes sociais. Durante o Carnaval, publicou fotos com o cabelo descolorido.

“É natural utilizar de ferramentas mais modernas para ter uma comunicação. Agora, não contem comigo para fazer uma comunicação violenta e deturpada do seu objetivo. O que a gente tem feito é mostrar a nossa gestão. Doutor [Miguel] Arraes dizia: quando se escuta, erra menos. Mas a forma que se escutava há 60 anos era de outro jeito.”

Campos defendeu sua gestão da prefeitura nas obras de infraestrutura para conter as consequências causadas pelas chuvas na cidade, e na área da educação.

Diego Sarza conduziu a sabatina, com participação dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, correspondente da Folha de S.Paulo na capital pernambucana.

João Campos, 30, é engenheiro, filho do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, morto em 2014 quando tentava a Presidência da República. Foi eleito deputado federal em 2018, o mais votado do estado, e conseguiu chegar ao Executivo municipal em 2020. Busca a reeleição com o apoio de Lula (PT).

Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Na terça-feira (2), no mesmo horário, foi a vez de Gilson Machado (PL). O ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) fecha o ciclo na cidade nesta sexta-feira (5).

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte, há duas semanas. Nas últimas semanas, os pré-candidatos de Salvador e Porto Alegre foram entrevistados. Ainda, haverá outras com concorrentes de mais 14 cidades.

Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

Redação / Folhapress

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