RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – É difícil dissociar o ator João Côrtes de um “personagem” que entrava na casa de milhões de brasileiros todos os dias nos comerciais de TV, não muito tempo atrás. Garoto-propaganda de uma empresa de telefonia por um bom tempo, ele virou, para muita gente, o “ruivinho da operadora”.
Muita água passou por baixo dessa ponte e João já mostrou, em outros trabalhos, sua versatilidade. Agora, por exemplo, prepara-se para estrear em “Rio Connection”, nesta quinta (23), no Globoplay. Ele será Alberto Martim, um diplomata ligado ao tráfico, dado a festas orgiásticas, regadas a drogas variadas.
O personagem, que ele não diz ser um bandido clássico, vem logo depois de sua elogiada atuação em “Encantado’s”. Na série, Côrtes era Celso Tadeu, um mix de locutor de supermercado (durante o dia), com coreógrafo de escola de samba (à noite). Papéis bem distintos, e é disso que ele, como qualquer ator profissional, gosta.
Côrtes diz ter “amado” sua participação na série anterior e fala com carinho de Alberto Martim. “Ele é contraditório, pretensioso e arrogante, mas carismático. Maluco (risos) e com uns gostos meio fortes, sabe?”, descreve.
Os “gostos meio fortes” não significam que o diplomata/traficante seja o vilão da série, garante o ator. “Não, não. Ele não é cruel nem faz maldades. A ganância é que o leva a perdição”, explica. No Rio dos anos 1970, Martim dá festas que lembram os bunga-bungas do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi (1936-2023), onde ninguém é muito de ninguém.
Cenas de sexo? Opa. Muitas. Côrtes diz, no entanto, que “não tem nenhuma pornografia de graça, e nada foi à toa”. Está tudo dentro do contexto da história, que tem como protagonistas três criminosos europeus que estabeleceram no Brasil um ponto estratégico do tráfico de heroína para os Estados Unidos. Assim como o restante do elenco, ele interpreta em inglês, o que ele tirou de letra. “Adoro, tenho o idioma quase como uma primeira língua”, afirma
O ator já havia feito “Passaporte para Liberdade”, da Globo e da Sony, e “O Hóspede Americano”, da HBO, no idioma, e no ano passado, chegou a se mudar para a Califórnia. A intenção era ficar um tempo, mas voltou antes do planejado. “O trabalho me chamou, mas eu quero voltar. Acredito que no ano que vem estarei na Califórnia de novo. Quero estudar mais e reaver uns contatos bons que fiz por lá”.
Ele anda animado com o trabalho e também na vida pessoal. Diz que se sente melhor desde que falou sobre sua orientação sexual, há três anos. “Contei pela questão da representatividade mesmo. Acho que, como artistas, nós temos essa função de sermos uma ferramenta de transformação da sociedade, de evolução, sempre. Senti que era o momento e foi libertador”.
ANA CORA LIMA / Folhapress