SÃO PAULO,SP (FOLHAPRESS) – João Lee, filho do meio de Rita Lee que tem 44 anos, publicou nesta sexta-feira (23) um vídeo inédito que mostra a cantora no hospital quando foi internada pela primeira vez, em maio de 2021.
Na gravação, Rita acabou de receber do filho um quadro com a imagem da capa do disco Classic Remix. “Melhor capa ever. Meu sonho era ter uma capa assim com o Roberto”, ela diz.
Junto ao vídeo, João, que é produtor, publicou um texto relembrando o momento e compartilhando seu carinho pela mãe. “Nesse mesmo período, descobrimos o tumor no pulmão esquerdo dela e também foi quando o primeiro álbum do Classix Remix foi lançado”, escreveu. “Foi um mês complicado para mim. Eu não oscilava emocionalmente entre os extremos. Eu vivia os extremos ao mesmo tempo.
Ele conta que a felicidade de, após dez anos de trabalho, lançar os três álbuns de remixes de músicas de seus pais disputava espaço com a notícia do tumor e a internação da mãe.
“O que nem a gravadora e nem os artistas que participaram sabem, é que muitas reuniões de produção, planejamento e lançamento nas quais participaram foram feitas enquanto eu estava no restaurante do hospital. Esses eram os únicos momentos em que eu me permitia ficar longe da minha mãe. E o restaurante era o único lugar que podia ficar sem máscara e, assim, conseguia disfarçar e manter em segredo onde eu estava.”
João termina agradecendo por ter tido a chance de homenagear os pais enquanto Rita ainda estava viva. “Ela ouviu músicas e os remixes até seus últimos suspiros. A saudade só aumenta”, termina.
Rita Lee morreu em 8 de maio deste ano, aos 75 anos.
Veja a nota completa:
Eu gravei esse vídeo no hospital no começo de maio de 2021 durante a primeira internação da minha mãe. Nesse mesmo período, descobrimos o tumor no pulmão esquerdo dela e também foi quando o primeiro álbum do Classix Remix foi lançado. Foi um mês complicado para mim. Eu não oscilava emocionalmente entre os extremos. Eu vivia os extremos ao mesmo tempo. Por um lado, estava tão feliz por finalmente, após mais de 10 anos desde a concepção da ideia, conseguir produzir e lançar uma coletânea de três álbuns de remixes fundindo a vida musical dos meus pais com a minha. Foram incansáveis horas de trabalho para produzir algo que ficasse com grau máximo de excelência. Com a participação de artistas que admiro, músicas originais maravilhosas com remixes espetaculares e capas que parecem obras de arte. Por outro lado, foi tudo muito difícil por ter acontecido no mesmo período em que tive que lidar com a descoberta do tumor. Minha mãe ficou internada por quase 1 mês para exames e início do tratamento. O que nem a gravadora e nem os artistas que participaram sabem, é que muitas reuniões de produção, planejamento e lançamento nas quais participaram foram feitas enquanto eu estava no restaurante do hospital. Esses eram os únicos momentos em que eu me permitia ficar longe da minha mãe. E o restaurante era o único lugar que podia ficar sem máscara e, assim, conseguia disfarçar e manter em segredo onde eu estava.
Agradeço ao universo por ter me permitido homenagear meus pais enquanto minha mãe ainda estava viva. Abrir mão do controle e ter outras pessoas colocando a mão na sua arte naturalmente gera ansiedade e receio. Ver esses sentimentos sendo transformados em lágrimas, orgulho e êxtase ao ouvirem os remixes masterizados e verem as capas prontas, foi das emoções mais especiais e intensas que senti. Os remixes ajudaram demais nesses momentos difíceis. Ela ouviu músicas e os remixes até seus últimos suspiros. A saudade só aumenta.
Redação / Folhapress