João Pessoa celebra conexões lusófonas e integração cultural no Fliparaíba

JOÃO PESSOA, PB (FOLHAPRESS) – Porta de entrada mais próxima do Brasil para a Europa e a África por sua localização geográfica, João Pessoa, capital da Paraíba, carrega uma simbologia única, tornando a cidade ponto de convergência ideal para reflexões sobre a interseção de histórias e culturas entre nações lusófonas.

No Centro Cultural de São Francisco, o Festival Literário Internacional da Paraíba (Fliparaíba), realizado de quinta-feira (28) a sábado (30), reuniu escritores do Brasil, de Portugal e de países africanos que falam português.

Com o tema “Camões 500 anos – Uma Nova Cidadania da Língua”, o evento teve dez mesas de discussão, feira de livros e apresentações culturais, além da exposição “O Rosto de Camões”, de João Francisco Vilhena.

De acordo com seu criador, o colunista da Folha José Manuel Diogo, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, o festival nasce com um propósito social transformador.

“Uma coisa de que gosto em festivais é que todos devem ter um propósito; as mesas de discussão serão como livros”, afirmou.

Outro aspecto marcante do Fliparaíba é a diversidade. Diogo destacou que o evento contou com mais mulheres do que homens e com uma representatividade racial significativa, refletindo sobre temas como sustentabilidade, reparação histórica e paz social.

“O manifesto será como um roteiro, passando do renascimento à sustentabilidade, traçando caminhos na busca pela reparação histórica”, explicou.

Ele também destacou a importância de realizar um festival dessa magnitude em João Pessoa, capital paraibana, contrastando com a tradição de grandes festivais literários em cidades menores.

O evento nasceu de um encontro entre ele e o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), após Diogo apresentar sua palestra “Camões 500 – Dez Ideias para um Futuro Descolonizado”. A conversa aconteceu em agosto e o festival foi montado já para novembro.

O escritor angolano José Eduardo Agualusa ressaltou a importância de o Estado apoiar a literatura. “Em países como os nossos, onde a maior parte da população tem dificuldades de acesso ao livro, o Estado deveria ser mais ativo no apoio não só às editoras, às livrarias, às bibliotecas públicas, mas subvencionar certos livros de modo que eles possam chegar a um preço mais acessível a maioria da população.”

O festival também recorreu à tecnologia. Por meio de um aplicativo, os participantes puderam interagir com a obra-prima de Luís de Camões, “Os Lusíadas”, de forma digital. Uma estrofe da obra era exibida aleatoriamente, acompanhada de uma janela para gravação de vídeo.

O usuário podia recitar e gravar sua interpretação, contribuindo para um arquivo coletivo que será organizado com auxílio de inteligência artificial e apresentado na próxima edição do evento, prevista para 2025.

MAURÍLIO JÚNIOR / Folhapress

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