Jornalista Lucia Hippolito ficou mais de 10 anos afastada por doença grave

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Lucia Hippolito, morreu nesta quarta-feira (21), aos 72 anos. A jornalista, cientista política, historiadora e ex-integrante do quadro “Meninas do Jô” no programa de Jô Soares, ficou mais de 10 anos afastada do trabalho por questões de saúde.

Lucia também participou do quadro “Trocando em Miúdos”, no UOL News, com a jornalista Lillian Witte Fibe entre 2005 e 2006, e foi colunista do UOL até 2008.

Em abril de 2012, ela viajava pela França quando tentou levantar da cama e percebeu que suas pernas não se mexiam. Lucia foi levada a um hospital em Paris onde recebeu o diagnóstico: um quadro grave de Síndrome de Guillain-Barré.

Trata-se de uma doença autoimune considerada muito rara, que pode ser desencadeada por infecção bacteriana ou viral. Em entrevista ao site Conexão Jornalismo em 2014, relembrou o dia do diagnóstico:

“Quatro horas depois de entrar no hospital, eles me deram o nome da doença e me disseram que eu ia piorar muito, que depois eu ficaria um período estável e, mais tarde, começaria a melhorar lentamente. Fiquei na cama, sem movimentos, entubada”, disse Lucia Hippolito

Ela precisou encontrar uma forma de se comunicar com o marido, Edgar Flexa Ribeiro: “Ele me mostrava um papel com todas as letras e números. E ia indicando letra por letra. Eu piscava o olho para dizer “sim” e virava a cabeça para o lado para dizer “não”. E assim eu ia construindo as palavras”.

Lucia ficou três meses internada em Paris. Segundo o Ministério da Saúde, a doença costuma piorar nos dois primeiros meses antes de entrar numa fase de estabilização. 15% dos pacientes conseguem se recuperar completamente após 2 anos do início da doença, e entre 5% e 10% continuam incapacitados, como foi o caso da jornalista.

Na entrevista de 2014, Lucia se mostrou otimista: “Não ando, as mãos ainda estão tortas, mas estou feliz porque faço progressos todos os dias. A síndrome de Guillain-Barré tem este lado animador. É uma conquista cotidiana. No início, as dores eram lancinantes. É como se os nervos estivem todos expostos”.

Em entrevista a Mariza Tavares para o blog “Longevidade: modo de usar”, do g1, em dezembro de 2021, Lucia contou que sua recuperação tinha altos a baixos: “Eu estava conseguindo segurar uma taça de vinho, mas, depois de uma internação causada por uma pneumonia, as mãos se atrofiaram novamente. Agora tomo vinho com canudinho”.

“Tenho muito orgulho da minha vida, do que construí. Fui professora, servidora pública e a primeira mulher a ser chefe de gabinete da presidência do IBGE. Lutei contra a ditadura e pelas Diretas Já, fui jornalista e radialista”, reflete.

“Não me arrependo do que fiz, nem do que não fiz. Gostaria de visitar Paris uma última vez, mas sei que isso não será possível. Mas, para o hospital, não voltarei. Decidi que não vou desistir, mas não ficarei insistindo”, contou Lucia

Em novembro de 2021, Lucia relembrou a época de “Meninas do Jô” em live para comentar a morte de Cristiana Lôbo, que também fazia parte do quadro.

Lucia Hippolito também foi comentarista política da Rádio CBN e âncora do CBN Rio e autora dos livros “De raposas e reformistas: o PSD e a experiência democrática brasileira (1945-64)” e “Por dentro do governo Lula: Anotações num diário de bordo”.

Redação / Folhapress

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