SYDNEY, AUSTRÁLIA (UOL/FOLHAPRESS) – A nova melhor jogadora do mundo pode sair de outro país sul-americano que não o Brasil. É na Colômbia que brilha a estrela de Linda Caicedo, um dos destaques desta Copa feminina e uma das grandes joias do futebol atual.
Jogadora mais jovem a marcar com a camisa colombiana em um Mundial, Linda é parte de uma geração do país que teve acesso às categorias de base. Quando balançou a rede na estreia da Colômbia, se tornou a primeira a marcar nas últimas edições dos Mundiais Sub-17, Sub-20 e na Copa do Mundo profissional em um período inferior a um ano, algo que só ela fez entre homens e mulheres.
“A Linda é uma jogadora extraordinária, tem um nível de maturidade incrível e podemos ver que é uma das líderes em campo. Pede a bola, empurra sempre mais. Ela é de outro planeta, uma jogadora única”, disse o auxiliar técnico Angelo Marsiglia.
EXEMPLO FORA DO CAMPO
Não é só na qualidade técnica que Linda Lizeth Caicedo Alegría se destaca. O sobrenome “alegria” também é uma característica que leva ao ambiente. Sempre com um sorriso no rosto mesmo em meio a uma timidez, atende a todos com paciência.
Antes de superar as batalhas nos campos, Linda precisou vencer outra dificuldade: o diagnóstico de câncer no ovário aos 15 anos após ser recém-contratada pelo Deportivo Cali.
Isso tudo aconteceu durante a pandemia de Covid-19, em um período ainda sem jogos. Ela passou por cirurgia de retirada do tumor e seis ciclos de quimioterapia.
“Um processo totalmente difícil, que graças a Deus consegui superar. Minha família estava me apoiando. Eu me lembro que no dia em que eu estava indo para a cirurgia, eles iam colocar o cateter, eu fiquei muito chateada porque talvez não fosse voltar a poder jogar futebol em alto rendimento”, lembrou antes da estreia na Copa.
NOVA MARTA?
Mas em 2021 Linda despontou de vez como profissional após vencer o câncer. Na véspera de completar 16 anos, vestiu a camisa da seleção. O ótimo desempenho na base da Colômbia e na Copa América fez o Real Madrid a contratar no início deste ano por cinco temporadas.
A Copa é a chance de Linda de mostrar ao mundo que pode ser uma forte candidata aos grandes prêmios individuais no futuro.
“Cada vez um pouco mais perto dessa linda Copa que realmente sonhamos com ela e amamos. Difícil, mas não impossível. Sei que podemos fazer isso e o time realmente o sonha e quer esse título. Deus me dá mais uma oportunidade e tento aproveitar. Em segundos pode mudar sua vida, sou exemplo disso. É impressionante tudo o que eu vivi. Mas, bem, muita humildade e muita alegria. Dia a dia, quero poder continuar jogando essa linda Copa” comentou.
XODÓ
A partida das oitavas de final contra a Jamaica foi difícil para a jovem. Marcada às vezes por quatro jogadoras, ela teve dificuldades de arriscar, mas apareceu em alguns lances de talento. Mesmo assim, ajudou a abrir espaços para as companheiras.
Durante a partida, ela foi celebrada a cada toque na bola, e a torcida parava diversas vezes para cantar seu nome. Sua próxima missão será contra a Inglaterra, sábado (12), às 7h30 (horário de Brasília). Ela sabe que novamente jogará com o torcedor do seu lado.
“Fico muito feliz com isso. Nos sentimos realmente em casa. O colombiano está em todos os lugares. É impressionante o apoio que nos dão em cada cidade. Não só os que estão aqui quanto aqueles que acordaram cedo em nosso país”, disse.
LUIZA SÁ / Folhapress