Jovem sofre racismo em jogo de vôlei sub-15 em clube tradicional de MG

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um atleta de 14 anos foi alvo de racismo durante jogo de categoria de base nas dependências do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte.

O Sada Argos divulgou que o episódio ocorreu durante partida do sub-15 contra o Minas, disputada na noite da última sexta (27) nas instalações do clube quase centenário. O jogo foi válido pelo campeonato metropolitano da categoria. O nome da vítima será preservado pela reportagem.

Os ataques ao jovem jogador partiram de pais de atletas que estavam na torcida adversária. Em nota, o Sada escreveu que os agressores proferiram “comentários ofensivos”, repudiou o racismo e afirmou que irá tomar “todas as providências cabíveis”. Colegas de time da vítima relataram nas redes sociais que os agressores fizeram imitações de macaco após uma jogada.

O pronunciamento da equipe foi feito após um perfil de torcedor ter denunciado o episódio. Dizendo representar torcida, familiares, amigos, comissão técnica e atletas do Sada Argo, a conta em questão publicou uma nota de repúdio, que veio a ser compartilhada pelo próprio jovem, sobre o ocorrido.

O UOL tentou contato com a assessoria do Minas Tênis Clube e aguarda resposta para atualizar o texto.

Cruzeirenses se manifestam

Jogadores do Sada Cruzeiro, o ponteiro Rodriguinho e o central Cledenilson reverberaram o caso. Eles afirmaram que não é a primeira vez que pessoas negras são alvo de racismo dentro do clube de Belo Horizonte.

Ambos fizeram críticas e cobraram ações rígidas: “Esconde debaixo do tapete e segue a vida”. Os dois ponderaram que a questão não é generalizada entre sócios e integrantes das equipes.

Cledenilson desabafou que já sofreu racismo no Minas durante sua passagem pela base do clube. O central fez um relato pessoal, detonou situações com as quais lidou e ressaltou que não vai “abaixar a cabeça”.

“Dentro do clube mais ‘tradicional’ de Belo Horizonte, acontecendo mais um caso de racismo, dessa vez para com os meninos do sub-15. Um absurdo, e acontece o quê? Esconde debaixo do tapete e segue a vida. Muitos infelizmente já passaram por isso. Cabe a nós como sociedade não aceitar esse tipo de atitude”, comentou Rodriguinho.

“Gente, lembrando que não é uma generalização com o clube e com todas as pessoas que são atletas, que frequentam, sócios. Tenho certeza que a maioria se posicionaria contra, os atletas, comissão, todo mundo, mas não é a primeira vez que acontece. Então tem que ter uma política um pouco mais rígida com esses casos”, finalizou Rodriguinho.

“Um sócio fez gestos de macaco para um menino de 14 nos. Como já fui atleta do Minas, sei bem como isso é dentro do clube. A gente que vem de baixo, preto, favelado, merece respeito. A gente não pode esconder, eu já sofri muito racismo lá no Minas, sempre escondendo. Estou muito chateado, a gente merece espeito independentemente da cor, de onde vem”, disse Cledenilson, que ainda completou.

“Depois que cheguei lá, primeira coisa que me mandaram fazer foi cortar o cabelo, não sei o porquê. Não vai ser clube com ou sem tradição ou sócio nenhum que vai pisar na gente. Não estou para generalizar nada, sofri racismo muito tempo e não baixei minha cabeça. Muitos falaram que fui embora do Minas por causa de dinheiro, ninguém abe o que a gente passa. Tem que respirar fundo, essas coisas fica aqui para desembuchar tudo o que já aconteceu comigo lá naquele clubezinho.”

Redação / Folhapress

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