Judô termina em Paris-2024 com tombo do Japão e campanha histórica do Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Arte marcial nascida no Japão no fim do século retrasado, o judô foi inserido no programa dos Jogos Olímpicos da era moderna na edição de Tóquio, em 1964.

Naquela edição, com somente quatro categorias no programa olímpico, todas elas masculinas, os anfitriões ganharam três ouros e uma prata.

Foi o início de um domínio marcante dos japoneses nos tatames nas Olimpíadas. Eles chegaram em primeiro lugar entre os medalhistas desse esporte em 12 de 15 Jogos.

As exceções ocorreram em Moscou-1980, Seul-1988 e Londres-2012.

Em Moscou, o Japão não participou das Olimpíadas. Integrou o bloco de países, liderados pelos EUA, que boicotaram os Jogos da URSS, em protesto contra a invasão soviética no Afeganistão. O país-sede terminou em primeiro no judô.

Nos Jogos sul-coreanos, os japoneses registraram um de seus piores desempenhos olímpicos, com um ouro e três bronzes nas categorias do programa. A Coreia do Sul liderou o quadro do esporte (dois ouros e um bronze).

Doze anos atrás, na Inglaterra, com 14 ouros em jogo, o Japão voltou a decepcionar, faturando só um, além de três pratas e três bronzes. Assim, ficou fora do pódio em 50% das disputas. A Rússia ocupou o topo, com três ouros, uma prata e um bronze.

Mesmo com esses tropeços, os japoneses lideram com muita folga o total de conquistas no judô olímpico.

Chegaram a Paris-2024 com um total de 96 medalhas (48 de ouro, 21 de prata e 27 de bronze). O perseguidor mais próximo, a França, somava 57 pódios (16 ouros, 13 pratas e 28 bronzes).

O desempenho do Japão em Tóquio-2020 foi arrasador. Em 15 disputas, “medalhou” em 12, sendo que a peça dourada foi conquistada nove vezes (mais duas pratas e um bronze). Foi o recorde de ouros dos japoneses, e de qualquer país, em uma só edição.

No entanto, o excepcional desempenho obtido há três anos -as Olimpíadas atrasaram 12 meses devido à pandemia de coronavírus- não se repetiu agora, em território francês.

O Japão encarou uma queda vertiginosa. Chegou ao sábado (3), dia final de competição no esporte (com as lutas das equipes mistas), com sete medalhas em 14 categorias. Os ouros se reduziram a três.

E, com a equipe, amargou a prata, perdendo por 4 a 3 para os anfitriões, de virada -venciam por 3 a 1. Na luta decisiva, o ídolo local Teddy Riner aplicou um ippon (golpe perfeito) em Tatsuro Saito para completar uma edição olímpica de decadência para o Japão.

Os japoneses terminaram à frente dos demais países no quadro qualitativo do judô (três ouros, duas pratas, três bronzes, mas com a França na cola. No quadro quantitativo de medalhas, perdeu para a anfitriã França, que somou dez (dois ouros, duas pratas, seis bronzes).

A decepção verificou-se especialmente no feminino. Uta Abe personificou o fracasso. Invicta desde 2019, a atleta da categoria até 52 kg perdeu nas oitavas de final para a uzbeque Diyora Keldiyorov.

A judoca japonesa Uta Abe (até 52 kg), ouro em Tóquio-2020, se desespera ao perder sua luta nas oitavas de final em Paris-2024 Luis Robayo – 28.jul.2024 AFP De quimono azul, a judoca japonesa Uta Abe, ouro em Tóquio-2020, se desespera ao perder sua luta nas oitavas de final em Paris-2024 **** As japonesas subiram ao pódio em Paris apenas duas vezes -eram sete as oportunidades-, com um ouro e um bronze.

Esse foi o mesmo desempenho do Brasil, que tem pouco mais de um quarto (28) das medalhas do Japão em Olimpíadas. Em Paris-2024, ouro para Beatriz Souza e bronze para Larissa Pimenta.

O judô brasileiro, aliás, encerra Paris-2004 com motivos para comemorar muito.

Não só evoluiu em relação a Tóquio-2020, quando colecionou dois bronzes (Mayra Aguiar e Daniel Cargnin), como registrou sua melhor campanha na história.

Com quatro pódios, o bronze por equipes mistas e a prata de Willian Lima, além das medalhas de Beatriz e Larissa, igualou o número de láureas de Londres-2012, mas superou qualitativamente aquela campanha.

Na Inglaterra, o país teve um ouro (Sarah Menezes) e três bronzes (Mayra Aguiar, Rafael Silva e Felipe Kitadai). Na França, uma prata fez a diferença.

Além disso, considerando o total de medalhas ganhas (independentemente da cor), em Paris-2024 o Brasil, com quatro, só ficou atrás de França (12) e Japão (8).

O judô continua como o esporte mais vitorioso do Brasil em Olimpíadas pelo número de pódios. São 28, à frente de atletismo (20) e da vela (19).

Top 5 no quadro de medalhas do judô em Paris-2024

Japão – 3 ouros, 2 pratas, 3 bronzes. Total: 8

França – 2 ouros, 2 pratas, 6 bronzes. Total: 12

Azerbaijão – 2 ouros, 0 prata, 0 bronze. Total: 2

Georgia – 1 ouro, 2 pratas, 0 bronze. Total: 3

Brasil – 1 ouro, 1 prata, 2 bronzes. Total: 4

Melhores campanhas do Brasil no judô em Olimpíadas

Paris-2024 – 1 ouro, 1 prata, 2 bronzes. Total: 4

Londres-2012 – 1 ouro, 3 bronzes. Total: 4

Rio-2016 – 1 ouro, 2 bronzes. Total: 3

LUÍS CURRO / Folhapress

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