SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández foi acusado formalmente, nesta quarta-feira (14), de crimes relacionados à violência de gênero contra a ex-primeira-dama Fabiola Yáñez. Segundo o jornal argentino Clarín, o Ministério Público ampliou as denúncias contra o peronista após detalhes do caso virem à tona.
Fernández foi acusado de lesões graves, ameaças e abuso de poder. Em um primeiro momento, as autoridades trabalhavam com a hipótese de lesões leves em repetidas ocasiões, mas a Procuradoria expandiu o escopo das denúncias depois que Yáñez prestou depoimento em uma audiência na terça (13).
Na primeira vez em que a ex-primeira-dama falou à Justiça sobre o tema, ela acusou o ex-presidente de agressões físicas e verbais frequentes, de cometer terrorismo psicológico, além de constante “assédio telefônico com mensagens intimidatórias”. Também disse que o peronista a pressionou a abortar em 2016, quando o relacionamento de ambos ainda era recente.
Fernández se tornou o primeiro presidente argentino da história acusado formalmente de violência de gênero. Ele nega as acusações. Também na terça, o peronista disse em entrevista ao jornal El País que “nunca bateu em uma mulher”. Antes, já havia dito que o hematoma que aparece no rosto de Yáñez em uma foto vazada é resultado de um tratamento estético.
Segundo o procurador federal Ramiro Gonzalez, a ex-primeira-dama teve uma “relação caracterizada por assédio e agressões físicas em um contexto de violência de gênero e doméstica”. Os crimes, acrescentou ele, foram agravados por uma “relação de poder assimétrica e desigual”, que ficou mais evidente depois que o peronista foi eleito presidente.
Gonzalez ainda solicitou cerca de 30 medidas probatórias que incluem a coleta de depoimentos do ex-médico e da ex-secretária de Fernández, além da análise das câmeras de segurança da Quinta de Olivos, a residência oficial da Presidência argentina, de acordo com o jornal La Nacion.
O caso ganhou projeção no último dia 8, quando o Infobae publicou fotos de Yañez machucada, nos olhos e nos braços. A própria ex-primeira-dama as teria enviado a Fernández pelo WhatsApp.
O portal também divulgou supostos trechos de conversas entre os dois. “Isso já não funciona se a todo momento você me bate. Não posso deixar que você me faça isso quando não te fiz nada. Tudo que tento fazer é defender-me, e você me agride fisicamente”, escreveu Yañez em uma das mensagens. Em outra, a ex-primeira-dama diz que havia três dias que Fernández a agredia.
Desde então, Fernández teve seu celular apreendido em Buenos Aires, e vieram à tona relatos de funcionários que trabalhavam na residência presidencial corroborando as denúncias de Yañez eles dizem que o viram puxando os cabelos da então primeira-dama.
Yáñez mora em Madri com o filho pequeno, fruto de seu relacionamento de mais de uma década com o ex-presidente. Desde a denúncia, um juiz argentino pediu reforço à proteção da ex-primeira-dama na Espanha e proibiu Fernández de deixar a Argentina.
O caso abalou a política argentina. Tanto o atual presidente, Javier Milei, rival político, quanto a peronista e ex-chefe de Estado Cristina Kirchner, que foi vice-presidente de Fernández, criticaram o líder pelos supostos atos que lhe foram atribuídos.
Redação / Folhapress