SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça de São Paulo atendeu na sexta-feira (14) ao pedido de recuperação judicial da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) para renegociar dívidas de cerca de R$ 116 milhões.
A universidade entrou com o pedido na quinta (13) citando o impacto da pandemia sobre o ensino superior privado.
“Os fatos narrados pela requerente [FMU], em conjunto com os documentos por ela acostados, são suficientes para demonstração da crise econômico-financeira e da relevância do procedimento recuperacional para a manutenção da atividade”, escreveu o juiz Marcelo Stabel de Carvalho Hannoun,
da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais.
O juiz também nomeou o escritório Alvarez & Marsal como administrador judicial do caso, que tem dez dias para fazer o levantamento da situação da universidade e deve apresentar à Justiça relatórios mensais sobre o processo.
Desde 2021 a FMU sofreu ainda com restrições ao Fies –programa de financiamento estudantil para estimular o ingresso em faculdades–, desistências e inadimplência elevada. Mesmo assim, desde o fim de 2023, a instituição disse ter tomado providências para equalizar sua dívida.
“Graças a esses ajustes operacionais, a FMU projeta uma melhora substancial em sua margem Ebitda [lucro antes de impostos, tributos, depreciações e amortizações] ajustada ao longo de 2025, estimada em 21,5%”, diz o pedido. Em 2023, a margem Ebitda foi de 14,1%.
À coluna Painel S.A., da Folha, o reitor da universidade, Ricardo Ponsirenas, disse que nada muda na rotina de aulas e investimentos do grupo.
“Não haverá demissões, nenhum projeto será cancelado”, afirmou. “A empresa tem recursos em caixa e, do ponto de vista da gestão, está tudo correndo muito bem.”
Hoje a FMU oferece 173 cursos de graduação, nas modalidades EAD (educação a distância) e presencial, conta com mais de 250 cursos de pós-graduação, MBA e programas de mestrado em governança corporativa e direito da sociedade da informação. Os cursos são ministrados em plataformas online e em centenas de unidades educacionais espalhadas pelo país.
A instituição tem cerca de 1.100 funcionários e 60 mil alunos, dos quais 57% estão alocados em cursos remotos. Em 2024, seu faturamento foi de R$ 318 milhões e a previsão é de R$ 336 milhões para este ano.
GUSTAVO SOARES / Folhapress