BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) marcou data para voltar a disputar um cargo público e diz que o principal líder político de Minas, o governador Romeu Zema (Novo), sofre de “falta de cultura”.
De molho desde a derrota em primeiro turno na eleição para o governo, em outubro, o ex-prefeito diz que disputará o pleito de 2026, mas não sabe para qual cargo.
Em entrevista à Folha de S.Paulo na terça-feira (8), Kalil encorpou críticas a recentes declarações de Zema, que, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no último fim de semana, defendeu que estados do Sul e Sudeste tenham maior protagonismo nas decisões nacionais por produzirem mais que o Nordeste e Norte.
“O que falta ao Zema é cultura”, diz Kalil, citando outras declarações do rival, como a envolvendo a escritora Adélia Prado, durante entrevista a rádio na terra natal da autora, Divinópolis, região centro-oeste do estado.
Na ocasião, em fevereiro, ao receber do locutor um livro da escritora, Zema, cotado como presidenciável para 2026, perguntou se ela era funcionária da rádio. “Se não conhece Adélia Prado, não sabe quem é Rachel de Queiroz, uma nordestina, não sabe quem é Castro Alves”, afirma Kalil.
A assessoria do governador não retornou pedido da reportagem por uma resposta à critica.
Zema é o único citado nominalmente como alguém com quem Kalil afirma não pretender fazer alianças no futuro. “Nem com Zema nem com ninguém da extrema direita”, diz.
Kalil não pode disputar a prefeitura no ano que vem por ter sido eleito nas duas últimas disputas municipais ele deixou o cargo em março de 2022 para concorrer ao Palácio Tiradentes.
“Tive 4 milhões de votos. Não vou jogar isso no lixo”, afirmou em entrevista à Folha, em referência à disputa do ano passado ao Governo de Minas Gerais, quando foi derrotado pelo atual governador.
Zema e Kalil nunca foram aliados, mas despontaram com perfis parecidos ambos se colocavam como candidatos “de fora da política”.
Kalil, ex-dirigente do Atlético-MG, em sua primeira campanha eleitoral tinha em seu repertório de declarações uma sobre o partido em que estava filiado em 2016, o PHS, para reforçar o seu estilo. Dizia que não sabia nem onde era a sede da legenda.
Já Zema se escorava no partido Novo, que apontava para uma suposta nova forma de fazer política.
Hoje, o ex-prefeito mantém conversas com possíveis aliados. Já esteve com integrantes do PSB, partido ao qual já foi filiado, e com o senador Carlos Viana (Podemos), por exemplo. Afirma, porém, que todos os encontros são a pedido. “Não recuso receber amigos”, diz.
Ele diz que vai permanecer no PSD, partido pelo qual disputou a eleição do ano passado e que, hoje, faz parte da base de Zema na Assembleia Legislativa. O PSD, inclusive, é o partido do líder de bloco governista na Casa.
“Quando acabou a eleição liguei para o [Gilberto] Kassab [presidente nacional do PSD] e ele me disse que não abria mão de mim no PSD de Minas Gerais”, afirma, ao ser questionado sobre uma possível saída da legenda.
Kalil nega mágoas no estado tanto com seu partido como com o PT, partido que indicou o vice, o ex-deputado estadual André Quintão, na sua chapa para a disputa do ano passado.
Sua campanha na época buscou fazer dobradinha com a candidatura do hoje presidente Lula, com quem ele diz ter tido “conversa direta” na campanha.
O ex-prefeito diz ainda não ter compromisso com ninguém em relação à disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem, nem mesmo com o seu antigo vice, Fuad Noman (PSD), que assumiu o município quando o ex-prefeito deixou o cargo por causa da eleição estadual.
“Não resolvi esse assunto. Nenhum dos candidatos que estão aí me apoiou para o governo [em 2022], então, não sou obrigado a apoiar também, não. Fuad deu várias entrevistas dizendo, com razão, que estava ocupado com a Prefeitura de Belo Horizonte. Ele não entrou na campanha”, lembra Kalil, que diz estar “muito livre para escolher o candidato que quiser”.
Além de Fuad Noman, entre os pré-candidatos à prefeitura no ano que vem estão a deputada federal Duda Salabert (PDT), o deputado estadual Bruno Engler (PL), bolsonarista, derrotado por Kalil no primeiro turno na eleição para a prefeitura em 2020, e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido).
Sobre a administração de Noman, Kalil afirma que a gestão de seu ex-vice ocorre sem muitos sobressaltos. “Não tem nada espetacular, nem para ruim nem para bom”, avalia.
LEONARDO AUGUSTO / Folhapress