SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando Kendrick Lamar subiu ao palco do GP Week, o público estava em polvorosa. O rapper americano foi a atração principal do festival, que aconteceu neste fim de semana em São Paulo.
A plateia gritou o nome do artista antes e logo depois que ele começou o show, que encerrou a programação do evento. Ele tocou depois de Thundercat e Sofi Tukker neste domingo (4), e de Machine Gun Kelley, Halsey e Swedish House Mafia, entre outros, no sábado.
Assim como em todo fim de semana, o Allianz Parque não estava cheio, com muitas cadeiras vazias ao fundo. Apesar disso, o show de Lamar foi de longe o que levou mais gente ao estádio de todo o festival.
Ele fez um setlist dinâmico, emendando músicas famosas e lados B, cortando canções pela metade e puxando trechos de participações em faixas alheias. Não deu tempo para o público respirar entre uma música e outra.
Começou com “N95”, canção de “Mr. Morale and the Big Steppers”, seu álbum mais recente, do ano passado. Passou por pedaços de “Element.”, de 2017, e “King Kunta”, de 2015, antes de voltar ao disco mais novo, com “Worlwide Steppers”.
Lamar surgiu no palco sozinho, vestindo verde. Ele depois foi acompanhado por dançarinos que usaram um tipo de máscara reproduzindo a face do rapper, que entraram e saíram de cena conforme as performances demandaram.
Sonoramente, as versões mostradas no show foram diferentes das gravações, com inserção de guitarra e bateria orgânicas em vez das bases eletrônicas. A banda que tocou os instrumentais ao vivo ficou escondida atrás do telão, mas deu nova vida às músicas.
O rapper cantou um pedaço de “A.D.H.D.”, “Section 80” e outro de “Nosetalgia”, canção de Pusha T. Também puxou um trecho de “Never Catch Me”, música de Flying Lotus com voz dele.
A plateia reagiu com gritos em êxtase toda vez que a música parou. Também cantou junto nos vários hits entremeados, de “Humble.” a “Money Trees” a “Loyalty.”, passando por “M.a.a.D City”, “DNA.”, “Swiming Pool” e “Bitch Don’t Kill my Vibe”.
Primeiro artista de música popular a ganhar um Pulitzer, ele é um dos maiores nomes do hip-hop em todos os tempos. O status de lenda foi comprovado pela reverência da plateia, que acendeu as lanternas dos celulares e reagiu com berros a cada comando do rapper.
Foi a segunda vez de Lamar no Brasil. Antes, ele se apresentou no festival Lollapalooza, também em São Paulo, há quatro anos.
No palco, o rapper usou todos os elementos possíveis para potencializar suas músicas. O jogo de luzes acompanhou as rimas e a movimentação dele, mudando se cor e formatação a cada performance.
Na parte de trás do palco, o telão exibiu pinturas do artista americano Henry Taylor. As obras mostradas revelaram retratos de pessoas negras em diferentes situações.
Foram poucos os momentos em que o americano falou com os brasileiros. Ele disse que veio da Califórnia para encontrar a plateia paulista e pegou um vinil do álbum “To Pimp a Butterfly”, de 2015, de algum fã, para assinar.
Depois, chamou o baixista Thundercat, presença constante nesse disco, ao palco. Abraçou o músico e disse que eles nunca haviam se encontrado em um show antes, mas os dois não chegaram a tocar juntos.
A reta final teve a romântica “Love.” e a afirmativa “Alright”. Esta segunda, foi um grito antirracista que marcou o “Vidas Negras Importam” há mais de oito anos, quando o movimento ainda engatinhava antes de tomar proporções mundiais durante a pandemia.
Foi um show arrebatador, onde imagens, luzes e música convergiram para uma performance coesa e criativa. Lamar no palco foi magnético para além das rimas aceleradas e precisas.
Poderia ser visto por mais gente, caso o festival tivesse ingressos mais baratos. Mas quem esteve presente não deixou a energia cair em nenhum minuto da hora em meia em que Lamar esteve no palco. Um privilégio para os milhares que estiveram no Allianz Parque neste domingo.
LUCAS BRÊDA / Folhapress