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Kiev monitorou morte de general russo online, diz suspeito preso

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um jovem uzbeque de 29 anos foi preso nesta quarta (18) em Moscou e confessou ter matado um importante general russo com um patinete-bomba a mando da Ucrânia na véspera, segundo o Comitê Investigativo Russo.

Ele contou que receberia US$ 100 mil (pouco mais de R$ 600 mil hoje) pelo serviço, que foi monitorado online pelos mandantes ucranianos da cidade de Dnipo por uma câmera instalada num carro próximo da cena do crime.

Igor Kirillov e seu assistente Ilia Polikarpov morreram quando o patinete elétrico estacionado ao lado do prédio onde estavam explodiu, quando ambos se dirigiam a um carro no começo da manhã da terça (17).

Chefe das Tropas de Proteção Nuclear, Biológica e Químicas, Kirillov havia sido julgado pelo serviço secreto da Ucrânia, o SBU, culpado do emprego de armas químicas na guerra iniciada por Vladimir Putin em 2022. Moscou nega e diz respeitar o banimento internacional desses armamentos.

O SBU confirmou em múltiplos contatos sob anonimato com a imprensa local e estrangeira que foi o responsável pelo ataque. Usualmente, como na morte da filha de um ideólogo nacionalista russo, Daria Dugina, a admissão era tácita.

Por regra, haveria desconfiança numa prisão tão rápida em com detalhes que incriminam o inimigo, mas neste caso as peças parecem se encaixa. A começar pelo emprego de um cidadão de ex-república soviética, um clássico em assassinatos por encomenda na Rússia.

Em um vídeo divulgado pelo site Baza, que tem contatos com o mundo policial russo, o suspeito conta sua história após ser preso num subúrbio de Moscou. Além do dinheiro, ele recebeu a promessa de morar em um país europeu após executar Kirillov.

Ele conta que a detonação do patinete foi remota, e que os ucranianos checaram toda a ação por meio da câmera instalada em um carro alugado. Esse vídeo existe e foi vazado pelo SBU para diversos órgãos de imprensa na segunda, mostrando o momento em que Kirillov e seu assistente deixam o prédio e são explodidos.

Segundo a mídia russa, há outros suspeitos sendo procurados. Dnipro, a cidade dos mandantes segundo o relato, foi o alvo em 21 de novembro do primeiro ataque com o míssil balístico experimental Orechnik, arma que virou peça de propaganda de Putin por empregar ogivas múltiplas desenhadas para bombardeios nucleares.

Kirillov é a mais importante autoridade militar russa morta fora do campo de batalha na guerra. Se seu assassinato não muda o rumo do conflito em solo, o ataque gerou ultraje na elite política russa, dado o grau de exposição do general na capital do país.

O ex-presidente Dmitri Medvedev pediu a punição do comando militar ucraniano, e os canais de TV estatais foram inundados de comentaristas sugerindo vingança.

Putin ainda não comentou o episódio. O Kremlin apenas disse que os serviços de inteligência russos estão trabalhando de forma eficaz no caso e reiterou a acusação de que Kiev promove terrorismo fora de suas fronteiras.

A porta-voz da chancelaria em Moscou, Maria Zakharova, disse nesta terça que o caso será levado ao Conselho de Segurança da ONU. Ela acusou a Ucrânia de usar drones armados com fósforo branco, elemento químico que causa graves queimaduras e é amplamente usado em guerras, apesar de teoricamente ser regulado. Kiev negou.

“Todos esses perdedores do SBU e o regime louco de Kiev são instrumentos dos anglo-saxões. Eles são os principais beneficiários do terrorismo”, disse. O Departamento de Estados dos EUA apenas negou envolvimento no caso. Já o premiê britânico, Keir Starmer, justificou o ataque dizendo que “Kirillov impôs sofrimento e morte ao povo ucraniano”.

A tensão com o Ocidente foi reiterada numa rara fala do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas, general Valeri Gerasimov, um dos arquitetos da invasão da Ucrânia. Ele disse nesta terça que o sistema mundial de controle de armas nucleares “é coisa do passado”, dado o esgarçamento provocado pelo fim na prática de todos os tratados que encerraram a Guerra Fria.

Na Ucrânia, os combates seguem duros. Os russos anunciaram ter conquistado mais duas cidades no leste ucraniano, mantendo o ritmo acelerado de seus avanços deste ano -Moscou afirma ter tomado o equivalente a três cidades de São Paulo até aqui, maior ganho desde que teve de recuar de sua invasão inicial em 2022.

A pressão sobre Zelenski, que já admitiu concessões territoriais temporárias de olho na chegada do presumivelmente russófilo Donald Trump ao poder em janeiro, cresce também devido ao avanço sobre o centro logístico e de mineração de Pokrovsk, principal objetivo russo da temporada que, se cair, pode levar consigo toda a defesa da região de Donetsk.

IGOR GIELOW / Folhapress

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