SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O laboratório PCS LAB Saleme, interditado nesta sexta (11) após a infecção de pacientes que receberam órgãos com HIV, atendia a 14 hospitais estaduais e mantinha contrato para atendimento na rede municipal em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro confirmou que o laboratório prestou serviços a unidades como a CET (Central Estadual de Transplante), além de hospitais especializados em doenças cardíacas, dermatológicas, torácicas e até para um centro psiquiátrico na região central do Rio.
Já em Nova Iguaçu, o PCS LAB Saleme foi contratado para fazer exames da rede básica.
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HOSPITAIS ATENDIDOS PELO LABORATÓRIO PCS LAB SALEME
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde RJ/Prefeitura de Nova Iguaçu
– Hospital Estadual Anchieta (HEAN)
– Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC)
– Hospital Estadual Eduardo Rabelo (HEER)
– Hospital Estadual Santa Maria (HESM)
– Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC)
– Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária (IEDS)
– Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capliglione (IEDE)
– Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (IETAP)
– Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO)
– Central Estadual de Transplante (CET)
– Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro (CPRJ)
– Complexo Regional da Mãe de Mesquita Maternidade e Clínica da Mulher (Hospital da Mãe)
– Centro de Diagnóstico por Imagem (CEDI)
– Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart (HEMHS)
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A Prefeitura de Nova Iguaçu afirma que mantinha contrato direto com o laboratório até fevereiro. Desde então, a administração foi repassada a uma OSS (Organização Social de Saúde). A contratação para prestação de serviços ao município foi encerrada nesta sexta-feira (11), após denúncias de infecção.
Os pacientes que realizaram os exames no laboratório poderão refazer o teste no município. Aqueles com exames agendados também serão encaminhados a um novo laboratório, que será contratado emergencialmente.
O Ministério da Saúde solicitou que todos os doadores de órgãos do laboratório sejam testados novamente, tanto na rede municipal, como na estadual.
Walter Vieira, um dos sócios da PCS Saleme, também era presidente de um comitê de saúde no município. Após as denúncias, ele foi afastado do cargo, segundo a Prefeitura de Nova Iguaçu.
A reportagem tentou entrar em contato com o médico, que é especialista em ginecologista e obstetrícia, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
ENTENDA O CASO
Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e, posteriormente, testaram positivo para a doença.
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes. O Ministério da Saúde também está acompanhando o caso.
A notícia foi publicada pela BandNews FM e confirmada pela Folha.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.
O episódio ocorreu em testes realizados pelo PCS LAB Saleme, contratado pela Fundação Saúde, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, para atendimento ao programa de transplantes no estado.
A auditoria será realizada pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS). Além disso, a pasta solicitou a interdição cautelar do Laboratório PCS LAB Saleme/RJ, cuja unidade operacional fica no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro.
“Até o momento tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores tiveram teste positivo para HIV. Essa situação nos leva a uma providência imediata, prestaremos toda a assistência a essas pessoas”, disse a ministra.
O Ministério da Saúde também determinou que a testagem de todos os doadores de órgãos no Rio de Janeiro voltasse a ser feita exclusivamente pelo Hemorio. Além de solicitar a retestagem do material de todos os doadores de órgãos feita pelo laboratório para identificar possíveis novos casos.
Mais cedo, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes.
Por causa disso, uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados. O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente.
Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não divulgaram detalhes das circunstâncias.
MARCOS CANDIDO E BRUNA FANTTI / Folhapress