‘Lady Madonna’ e ‘Let It Be’ estão entre mais tocadas por Paul McCartney no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não é preciso uma análise muito aprofundada da lista das músicas mais tocadas por Paul McCartney em seus shows no Brasil, desde 1990, para perceber a predominância de canções da fase madura dos Beatles e do início da nova jornada do artista após a separação da banda.

Após o show do ex-Beatle em Florianópolis, neste sábado, ele terá completado 40 apresentações solo no país.

Entre as 20 músicas no topo da lista, 13 foram lançadas entre 1968 e 1970. Dessas, apenas uma, “Maybe I’m Amazed”, é de sua carreira solo. É uma das faixas de sua estreia sozinho, o álbum “McCartney”, de 1970. As outras 12 foram gravadas em singles dos Beatles, caso de “Lady Madonna” —a mais tocada, 34 vezes— e “Hey Jude” —empatada com “Let It Be”, com 31—, ou incluídas nos três álbuns derradeiros do quarteto.

Eis a distribuição: “Blackbird”, “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Helter Skelter” e “Back in the U.S.S.R.” são de “The Beatles” (o famoso “Álbum Branco”), de 1968; “The End”, “Something”, “Golden Slumbers” e “Carry That Weight”, de “Abbey Road” (1969); “Let It Be” e “Get Back”, de “Let It Be” (1970).

O levantamento é da Folha, considerando os shows do astro no Brasil entre 1990 e o desta terça-feira (15), em São Paulo. A pesquisa foi realizada a partir de dados registrados no site Setlist.fm, plataforma colaborativa alimentada e revisada por fãs.

Sem os Beatles, McCartney formou a banda Wings. Quatro músicas das 20 mais tocadas são da fase inicial do grupo, lançadas em 1973 e 1974: “Live and Let Die”, “Band on the Run”, “Let Me Roll It” e “Nineteen Hundred and Eighty-Five”. As únicas mais recentes do que essas que figuram na lista são canções que ele compôs em homenagem a pessoas queridas. “Here Today”, para John Lennon, é de 1982. “My Valentine”, escrita para sua mulher, Nancy, é de 2012.

Essa escolha por canções do fim dos anos 1960 e do início da década seguinte encontra respaldo mercadológico. Quando foi anunciado o final dos Beatles, em 1970, as vendas de discos da banda dispararam, mantendo altas cifras pelos cinco anos seguintes. Ao mesmo tempo, a carreira solo de McCartney teve grande sucesso porque as pessoas sentiam falta de novas músicas do quarteto.

Ringo Starr e George Harrison gravavam pouco. Lennon lançava discos, mas não excursionava e a relação com os fãs estava um pouco abalada pela insistente e equivocada tese de que seu casamento com Yoko Ono havia provocado a separação dos Beatles.

Assim, McCartney era uma espécie de “continuação oficial” do quarteto. Além de gravar novos hits, ele foi muito para a estrada com o Wings. É bom lembrar que desde 1966 os fãs não tiveram mais chance de ver os Beatles ao vivo, exceto pelo breve show no telhado do prédio da gravadora do grupo, a Apple, em janeiro de 1969.

No decorrer das décadas seguintes, os discos dos Beatles continuaram vendendo bastante, e os números obtidos pelos últimos álbuns gravados pela banda foram abrindo cada vez mais vantagem sobre as vendas dos discos mais antigos, lançados quando o mundo viveu o auge da beatlemania alucinada.

Quem se dedica a estudar o comportamento dos fãs afirma que as canções gravadas na primeira metade da década de 1960, curtas e agitadas, são um atestado da loucura dos fãs jovens que formaram as primeiras legiões de seguidores. Mas esse público teria amadurecido junto os Beatles, criando assim ligações mais fortes com as canções sofisticadas a partir do álbum “Revolver”, de 1966, e de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, obra-prima lançada no ano seguinte.

Nas turnês recentes, as canções mais antigas entram no início do show, em versões curtas como eram as gravações originais, e há um rodízio entre elas. McCartney parece transmitir a ideia de que os “iê-iê-Iês”, como “Love Me Do” ou “Please Please Me”, servem mais como um esquenta para canções que, mesmo quando são singelas, seriam mais “intensas”, como “Something” e “Blackbird”, que são tocadas um pouco mais tarde e estão consolidadas no repertório.

Basta ir a um show para comprovar que “Hey Jude”e “Let It Be” são os momentos mais catárticos. O fato de essas duas estarem logo abaixo da campeã “Lady Madonna” como a mais cantada no Brasil pode refletir o gosto pessoal do cantor. Em uma entrevista a Jools Holland na TV britânica nos anos 1990, ele revelou ser esta sua canção favorita do repertório dos Beatles. Na mesma noite, ainda no programa, ele recuou do que disse, talvez para evitar discussões com os fãs.

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CONFIRA AS MÚSICAS MAIS TOCADAS POR PAUL MCCARTNEY EM SEUS SHOWS NO BRASIL

‘Lady Madonna’ (1970) – 34 vezes

‘Let It Be’ (1970) e ‘Hey Jude’ (1968) – 31 vezes

‘The End’ (1969), ‘Live and Let Die’ (1973), ‘Something’ (1969) e ‘Band On The Run’ (1973) – 30 vezes

‘Let Me Roll It’ (1973) – 29 vezes

‘Blackbird’ (1968), ‘Ob-La-Di, Ob-La-Da’ (1968) e ‘Nineteen Hundred and Eighty-Five’ (1973) – 28 vezes

‘Golden Slumbers’ (1969), ‘Here Today’ (1982) e ‘Carry That Weight’ (1969) – 27 vezes

‘Helter Skelter’ (1968) e ‘My Valentine’ (2012) – 26 vezes

‘Back in the U.S.S.R.’ (1968) – 25 vezes

‘Being for the Benefit of Mr. Kite!’ (1967), ‘Get Back’ (1970) e ‘Eleanor Rigby’ (1966) – 21 vezes

‘Yesterday’ (1965) e ‘I’ve Got a Feeling’ (1970) – 20 vezes

PAUL MCCARTNEY EM FLORIANÓPOLIS

– Quando Sáb. (19), às 21h

– Onde Estádio da Ressacada – av. Deputado Diomício Freitas, 1000, Florianópolis

– Preço Ingressos esgotados

THALES DE MENEZES E VITOR ANTONIO / Folhapress

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