SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) para prejudicar a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) gerou uma onda de críticas em grupos de WhatsApp, segundo análise da consultoria Palver.
Em proporção menor, segundo a consultoria, também circulam postagens e publicações buscando impulsionar o material forjado.
Os dois candidatos já lideravam em nível de interesse nos grupos públicos monitorados na plataforma da Palver ao longo da reta final da campanha. Com o episódio fabricado por Marçal, as menções ao influenciador e ao psolista dispararam neste sábado (5).
Comparado aos demais dias da reta final da campanha, Marçal praticamente triplicou em nível de citação, indo do nível de interesse no patamar dos 210 e passando a quase 700 neste sábado.
Já no caso de Boulos, o nível de interesse praticamente quadruplicou se comparado ao início da última semana, saltando de valores próximos a casa dos 100, 150 de nível interesse e passando para quase 500 no sábado.
Ricardo Nunes (MDB), por sua vez, assim como os demais candidatos, não chegou a alcançar o patamar de nível de interesse 50 em nenhum dos dias desta semana, que marcou a reta final antes do primeiro turno.
Os valores de interesse dos candidatos foram calculados pela Palver a partir da proporção de mensagens sobre eles em relação ao total de mensagens sobre a eleição na cidade.
Parte das mensagens negativas a Marçal compartilhavam evidências quanto ao laudo ser falso. Também passou a ser divulgado à noite a conclusão da perícia da polícia de que o laudo era falso.
Outro conteúdo compartilhado nos grupos é um vídeo da médica Aline Souza, filha do médico que consta na assinatura do laudo falso divulgado por Marçal. Ela afirma que o pai dela nunca trabalhou na clínica citada no documento.
Apesar das inúmeras evidências, algumas das mensagens nos grupos ainda buscam sustentar a teoria conspiratória de que Marçal seria perseguido por ser contra o “sistema”, dizendo não haver dados para garantir que o laudo seja falso.
A divulgação do laudo também é associada a conteúdo em que Boulos se diz a favor da descriminalização das drogas.
Por outro lado, a reação da direita aparece dividida nas redes. Alguns grupos, segundo a Palver, apontam que Marçal teria divulgado o laudo para “ajudar a esquerda”.
Conteúdo com Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, por exemplo, que tem tido uma série de embates públicos com Marçal, associa o próprio influenciador à liberação das drogas.
Mensagens também apontam que, se o laudo é mentiroso, isso prejudicaria o influenciador, que teria dado “munição pra esquerda”, colocando Boulos no segundo turno.
Em análise mais detalhada da Palver, abrangendo as mensagens que circularam até quarta-feira (2), conteúdos citando Boulos de modo negativo eram destaque entre as mensagens marcadas como encaminhadas com frequência, indicando maior engajamento neste tipo de discurso.
Já materiais de apoio ao deputado não traziam indicadores de circulação orgânica ou viral, perfazendo cerca de 25% das mensagens com mais de 127 encaminhamentos.
Os conteúdos negativos contra Boulos nos grupos envolvem, por exemplo, além da temática da legalização das drogas, posts que buscam associá-lo a invasões.
Ricardo Nunes, por sua vez, além de ser pouco citado nos grupos analisados, é praticamente mencionado apenas em mensagens de teor negativo para ele, como divulgação de que ele estaria envolvido em suspeitas de desvio de dinheiro. Conteúdos buscando associá-lo à esquerda por programas da prefeitura ligados a minorias ou pela temática da vacinação.
Os demais candidatos também são pouco citados nos grupos em comparação a Marçal e Boulos.
RENATA GALF E ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA / Folhapress