‘Lava Jato criou outro Estado no Brasil’, critica ministro Gilmar Mendes

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ministro do STF Gilmar Mendes voltou a criticar a Operação Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, então magistrado responsável pelas decisões na Vara Federal de Curitiba.

O ministro afirmou que a operação “estruturou uma visão política” e “criou outro Estado no Brasil”. Mendes ainda considera que a investigação combateu a corrupção à revelia das leis, porque “só se liberava alguém da prisão depois de ele confessar crimes”. A declaração foi em entrevista ao Brazil Journal, publicada nesta quinta-feira (22).

Gilmar também desaprovou a atuação de Moro, atualmente senador, afirmando que ele “descumpriu decisões do STF” e até mesmo “emparedou” Teori Zavascki, ex-ministro do STF morto em 2017 em um acidente aéreo.

“Todas as regras dos códigos de contabilidade do setor público foram violadas”. Mendes acredita que nos anos da operação, todas as regras de contabilidade do setor público foram violadas. Como exemplo, cita que a 13ª Vara de Justiça teria movimentado R$ 10 bilhões, e enviado dinheiro para a Polícia Federal, por exemplo.

“É nesse contexto que entra essa tal fundação Dallagnol. Aqui, me parece que há uma falha geral. É como se nós estivéssemos lidando não com um outro poder, mas com um outro Estado”, afirmou o ministro.

Para Gilmar, “Justiça falhou muito” durante Lava Jato. O ministro disse acreditar que “para ser considerada ruim, essa coordenação [de Justiça em Curitiba] precisaria ter melhorado muito! Porque se assistiu a isso sem nada fazer.”

“Empresas condenadas não poderão pagar indenizações”, diz Gilmar. Para o ministro, caso sejam mantidos os valores dos acordos de leniência, muitas empresas condenadas não poderão pagar

“Ter tirado Sérgio Moro de Curitiba pode ter sido a maior contribuição ao Brasil” por Paulo Guedes, diz Gilmar. Segundo o ministro, Guedes “vinha muito” ao Supremo para conversar com ele, e em um momento disse que iria convidar Moro para ser ministro da Justiça de Bolsonaro, o que mais tarde se concretizou. Durante o diálogo, Gilmar teria dito que tirar Sérgio Moro de Curitiba seria “a maior contribuição” de Guedes ao Brasil.

Redação / Folhapress

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