SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O leiloeiro norte-americano Michael Barzman, que participou de um esquema para expor obras falsamente atribuídas ao artista Jean-Michel Basquiat em um museu, conseguiu evitar regime fechado em sua condenação. Barzman confessou em abril ter participado do crime. As obras foram expostas no final do ano passado, 2022, no Museu de Arte de Orlando, no estado da Flórida.
De acordo com um procurador ouvido pelo jornal The New York Times, Barzman foi condenado a três anos de liberdade condicional por um juiz do Tribunal Distrital dos EUA em Los Angeles, além de 500 horas de serviço comunitário e uma multa de US$ 500.
A sentença proferida contra Bartzman vai de acordo com a sugestão da própria procuradoria. Nos documentos do tribunal, a acusação reconhece que o leiloeiro “teve uma vida difícil, física e emocionalmente”. A defesa afirma que o acusado não vai reincidir no crime, e que “Seus amigos e entes queridos têm repetidamente observado o quanto o Sr. Barzman está envergonhado e constrangido por causa de sua conduta.”
O CASO DE FALSIFICAÇÃO DAS OBRAS DE BASQUIAT
Segundo promotores de justiça envolvidos na acusação, o leiloeiro teria criado uma história falsa sobre a origem das telas, afirmando que haviam sido encontradas em um depósito, além de forjar documentos que comprovariam a narrativa. Promotores também afirmam que Barzman vendeu as obras e deu metade dos lucros para seu associado.
Foram criadas entre 20 e 30 obras, que segundo o leiloeiro foram vendidas a diferentes compradores. Os lucros das vendas seriam divididos entre Barzman e seu comparsa, identificado nos documentos apenas pelas inicias JF. Dessas obras, 25 foram parar no Museu de Arte de Orlando em uma exposição das supostas obras inéditas.
O escândalo se iniciou após reportagem do The New York Times apontando que ao menos uma das obras creditadas a Basquiat em exposição Museu de Arte de Orlando não poderia ter sido criada por ele. O jornal consultou o especialista independente Lindon Leader, que afirmou que, em uma das pinturas, o papelão utilizado mostrava impressa um uma tipografia que só seria utilizada pela Federal Express (FedEx) a partir de 1994. Basquiat morreu em 1988, depois de uma overdose de heroína.
O ocorrido manchou a reputação do Museu de Arte de Orlando, que divulgava intensamente a exposição e reafirmou a originalidade das obras mesmo após os indícios contrários. Uma operação foi deflagrada pelo FBI após os fatos virem à tona e dias depois o diretor do museu, Aaron De Groft, foi demitido. O museu foi colocado em observação na American Alliance of Museums, e as investigações sobre o caso continuam.
Redação / Folhapress