Lessa diz que usou aplicativo para fugir de blitz após matar Marielle

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ex-PM Ronnie Lessa afirmou que utilizou um aplicativo que indica a localização de blitzes para fugir da polícia após matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro.

Lessa detalhou que mexeu no celular pouco antes de cometer o crime para checar o aplicativo. “Nas imagens divulgadas, aparece a luz de um telefone sendo mexido lá atrás. Eu estava procurando um aplicativo que mostra as blitzes na rua, onde tem blitz. Porque não adianta cometer o crime aqui e ser preso na esquina”, disse.

O ex-PM não disse, no entanto, o nome do app. “Não lembro o nome, mas ele diz exatamente onde estão as barreiras”. A declaração foi feita em delação premiada. Trecho do vídeo foi publicado pelo jornal O Globo.

Na delação, Lessa contou que inicialmente, a parlamentar seria morta fora do carro. A ideia era que ele atirasse enquanto ela se deslocava do local em que estava, na Casa das Pretas, para o veículo.

Ronnie Lessa detalhou que planejamento mudou. Ele teria percebido que o museu da Polícia Civil e a sede da instituição estavam próximos do local. “Eu falei ‘aqui não, de jeito nenhum’. Então preferimos deixar para fazer no caminho, onde tivesse oportunidade”.

Ronnie Lessa está preso desde março de 2019. A arma usada no crime nunca foi encontrada.

Lessa disse que se reuniu com os mentores do crime por três vezes, duas antes do assassinato e uma depois do crime. “O Domingos fala mais e o Chiquinho concorda. E o local escuro, propício ao encontro. Um encontro secreto porque a situação pedia uma coisa dessa, isso seria muito mais inteligente do que sentar numa churrascaria”. A PF registrou no relatório da investigação não ter encontrado provas desses encontros que, segundo Lessa, se deram em uma rua da Barra da Tijuca (zona oeste).

O atirador também citou o delegado Rivaldo Barbosa como um dos autores intelectuais do crime. Também preso, Barbosa foi apontado como “peça-chave” na consumação dos homicídios de Marielle e Anderson Gomes. Segundo Lessa, o delegado teria cuidado para que os suspeitos não fossem incomodados pelo inquérito aberto para investigar o crime.

Delegado assumiu chefia da Polícia Civil do Rio um dia antes do assassinato de Marielle. O relatório da PF apontou que Rivaldo teria recebido R$ 400 mil para atrapalhar as investigações do caso.

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão teriam avisado Barbosa sobre o plano de mandar matar Marielle. Segundo a denúncia da PGR, o delegado usou seu cargo de chefe de Polícia Civil “para oferecer a garantia necessária aos autores intelectuais do crime de que todos permaneceriam impunes”.

O QUE DIZEM AS DEFESAS

Os Brazão negam autoria do crime. Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, que também está preso, negam participação nos assassinatos. A defesa de Chiquinho afirmou que a delação de Lessa “é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades”.

Os advogados de Domingos Brazão disseram que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa. Argumentaram ainda que não há provas da narrativa apresentada.

Rivaldo Barbosa também nega envolvimento no crime. Ele foi preso por suspeita de colaborar com os mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco.

A defesa do delegado destacou que ele nunca teve contato com os irmãos Brazão. Disse ainda que não há registro de recebimento de valores provenientes de atos ilícitos. Os advogados também criticaram a atuação da PF ao pontuar que o relatório da investigação se baseia só nas palavras de Ronnie Lessa.

Defesa diz que Rivaldo não oferece risco à ordem pública. Ao UOL, o advogado Marcelo Ferreira disse que o delegado deveria ter o direito de responder ao processo em liberdade e que ele não tem a intenção de se esquivar da lei.

Redação / Folhapress

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