BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O primeiro jantar de Flávio Dino e seu sucessor no Ministério da Justiça, Ricardo Lewandowski, teve clima ameno e conversas sobre diversos temas relativos à pasta, como o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no Rio de Janeiro.
O encontro ocorreu na noite desta segunda (22). Na ocasião, Lewandowski disse a Dino que deverá manter boa parte da sua equipe, mas que deve trocar cargos considerados estratégicos, como a Secretaria Nacional de Justiça, hoje ocupada por Augusto de Arruda Botelho.
Segundo pessoas próximas, o futuro ministro da Justiça estuda o perfil de uma mulher para ocupar o posto.
Lewandowski já decidiu alterar a secretaria-executiva da pasta, que será ocupada por Manoel Carlos de Almeida. O ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) também escolheu o procurador Mário Luiz Sarrubbo para a Secretaria Nacional de Segurança Pública, uma das mais sensíveis do órgão. Sarrubbo substituirá Tadeu Alencar.
Se a troca de Botelho se confirmar, o PSB perderá as principais estruturas que ocupa no ministério.
Ainda no jantar, Lewandowski elogiou a equipe e a gestão de Dino à frente da pasta, disse que os dois compartilham visões de mundo parecidas e que a transição ocorrerá de maneira natural. Afirmou ainda que pretende dar continuidade às políticas da pasta.
Uma pessoa próxima aos ministros disse que Dino foi generoso em sua explanação, apontando desafios e problemas do ministério. Os dois conversaram ainda sobre questões indígenas e segurança pública.
Participaram do jantar Flávio Dino, Ricardo Lewandowski, o secretário-executivo adjunto da pasta, Diego Galdino, e Manoel Carlos.
Na tarde desta terça, ocorrerá a primeira reunião oficial para falar sobre a transição no Ministério da Justiça e Pública.
Dino seguirá no governo até o dia 30, para comandar a transição. Lula afirmou que Lewandowski terá liberdade para escolher sua equipe.
Dino deixará a pasta para assumir uma vaga no Supremo. Seu nome foi sabatinado e aprovado pelo plenário do Senado em dezembro passado
O nome de Lewandowski para substiuir Dino foi anunciado em 11 de janeiro pelo presidente Lula (PT).
Nesta segunda (22), Lula oficializou a nomeação de Ricardo Lewandowski para o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública no Diário Oficial da União.
Lewandowski deixou o STF em abril passado, ao completar 75 anos idade máxima para ministros da corte. Ele foi substituído na ocasião pelo advogado de Lula, Cristiano Zanin.
O jurista foi indicado para o Supremo pelo próprio Lula, em 2006. Ele chefiou a corte de 2014 a 2016, tendo inclusive presidido o julgamento do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Lewandowski sempre foi visto como o único ministro do STF que se manteve fiel ao PT até nos piores momentos, como no auge da Operação Lava Jato, enquanto outros indicados pelo partido à corte deram decisões desfavoráveis à sigla e fizeram acenos à direita nesse período.
Quando presidiu no Senado o julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), chancelou uma manobra regimental que fracionou a votação.
Ele permitiu a votação em separado da perda de mandato de Dilma e da inabilitação para exercer funções públicas por oito anos. O Senado rejeitou a inabilitação, mantendo os direitos políticos da petista.
Com isso, apesar de ter que deixar a Presidência da República, Dilma não ficou impedida de exercer atividade política e pôde, por exemplo, concorrer ao Senado em 2018.
No julgamento do mensalão, ele votou para absolver o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, mas foi voto vencido.
JULIA CHAIB E RAQUEL LOPES / Folhapress