Líder de ultradireita britânico diz que Ocidente provocou Guerra da Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O líder de ultradireita britânico Nigel Farage disse em uma entrevista à emissora BBC na sexta (21) que a expansão da União Europeia e da Otan para incluir países do Leste Europeu provocou a invasão da Ucrânia pelo presidente russo Vladimir Putin.

Farage concorre a uma vaga no Parlamento do Reino Unido nas eleições do próximo dia 4 pelo partido Reform UK, que está à direita do Partido Conservador do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. O Reform UK tem rivalizado com os governistas em um pleito que, segundo pesquisas eleitorais, deve trazer um fiasco histórico para os conservadores nas urnas e reconduzir o Partido Trabalhista ao poder após 14 anos.

Na entrevista à BBC, Farage defendeu uma fala que fez logo após o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022, quando disse que a decisão de Putin era “consequência da expansão da UE e da Otan”, que é a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.

“Nós provocamos essa guerra, mas está claro que a culpa é de Putin. Ele usou o que nós no ocidente fizemos como desculpa”, afirmou Farage. “Para mim, sempre foi óbvio que a expansão ao leste da Otan e da UE deu a ele uma razão para dizer ao povo russo que estavam sendo atacados.”

Entre as justificativas mencionadas pelo líder russo para lançar a guerra está a afirmação de que a Ucrânia estaria prestes a se juntar à Otan, o que representaria uma ameaça insuportável à segurança da Rússia. Desde o início da guerra, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, vem pressionando seu aliados ocidentais para que seu país faça parte da aliança.

As falas de Farage foram fortemente criticadas pelos outros partidos políticos. Sunak disse que o líder de ultradireita está “completamente enganado” sobre as causas da guerra e o acusou de colocar a segurança do Reino Unido em risco. Um porta-voz do Partido Trabalhista, por sua vez, chamou Farage de um “defensor de Putin”.

Conhecido por sua defesa do brexit, Farage nunca foi eleito ao Legislativo de seu país, mas tenta levar seu partido a uma vitória e eleger um número relevante de parlamentares no próximo dia 4.

Uma pesquisa do último dia 13 apontou que o Reform UK tinha mais intenções de voto nacionalmente do que o Partido Conservador. Ainda assim, é improvável que o Reform se torne a oposição oficial a um eventual governo trabalhista como quer Farage, uma vez que o sistema distrital do Reino Unido deve favorecer os conservadores.

Farage é um dos responsáveis pela vitória do brexit no referendo de 2016 e manteve-se ativo na política pressionando diferentes governos a conduzir uma saída mais radical e com menos concessões à União Europeia.

O líder de direita também é conhecido por comentários considerados xenofóbicos, como quando disse que muçulmanos não seguem os valores do Reino Unido, que ele se sente desconfortável ao ouvir línguas estrangeiras no transporte público –e que teria problemas com ser vizinho de imigrantes romenos.

Redação / Folhapress

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