Líder pró-independência da Nova Caledônia será transferido para a França

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos líderes pró-independência da Nova Caledônia, preso no último dia 19 no território francês no Oceano Pacífico, será transferido para a França após ser acusado formalmente por protestos que causaram ao menos nove mortes.

Christian Tein é o primeiro acusado entre os 11 presos após os episódios de violência, segundo seu advogado. Entre os nove mortos, dois eram policiais.

Agora, ele será levado para a prisão em Mulhouse, no leste da França, que fica a quase 17.000 km da Nova Caledônia. Outro integrante do grupo de Tein também será transferido.

As autoridades não informaram os motivos pelos quais Tein foi acusado, mas Yves Dupas, o procurador-chefe da capital, Noumea, disse que sua investigação apurava suspeitas de roubo armado e de participação ou tentativa de homicídio.

O advogado de Tein, Pierre Ortent, disse que estava estupefato que seu cliente seria enviado para a França, a milhares de quilômetros da ilha.

“Ninguém fazia ideia que eles seriam enviados para a França [continental]”, disse Ortent. Segundo ele, essa é uma medida excepcional para a Nova Caledônia.

Tein foi detido no último dia 19 no momento em que se preparava para dar uma entrevista coletiva na sede de seu partido. Ele é suspeito de estimular tumultos e atos de violência que ocorreram nos atos.

Empresas, lojas e a prefeitura de Noumea fecharam as portas após a operação devido à preocupação com novos distúrbios.

Os protestos violentos começaram no mês passado, logo após a Assembleia Nacional da França aprovar uma reforma para mudar a legislação eleitoral da Nova Caledônia, que já foi colônia e hoje é considerado um território sob controle de Paris.

Hoje, só eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar dos pleitos regionais. Os deputados franceses querem estender esse direito a qualquer um que more na ilha há pelo menos uma década, o que Paris diz ser necessário para aprimorar a democracia local. Um quarto dos moradores se identifica como europeu.

Mas líderes da comunidade indígena kanak –que compõe cerca de 40% da população– contestam a mudança e afirmam que a expansão do direito a voto reduzirá a sua influência sobre as instituições. Para os kanaks, a reforma tornaria mais difícil a aprovação de qualquer futuro referendo sobre independência.

Ao menos nove pessoas morreram nos protestos, incluindo dois policiais, e várias outras ficaram feridas. Pressionado, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse ter suspendido a reforma –dias antes, o líder havia viajado à Nova Caledônia, onde se encontrou com líderes locais.

Christian Tein lidera a Célula Coordenada de Ação em Campo, um grupo ativista à frente das manifestações. Autoridades dizem que integrantes da organização fizeram barricadas de protesto em várias regiões de Noumea que interromperam o tráfego e o fornecimento de alimentos na cidade. O ativista estava no grupo pró-independência que se reuniu com Macron no mês passado.

Redação / Folhapress

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