RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Às vésperas do Enem dos Concursos, lideranças de órgãos e empresas públicas sugerem aos candidatos do certame que aproveitem esses últimos dias para buscar atividades relaxantes, revisar o conteúdo estudado e refletir sobre o propósito de atender à população e à administração pública.
Em depoimentos, os servidores relembraram como foi a preparação para se tornarem profissionais do setor. Parte deles foi aprovada em uma época em que ter acesso à internet era raro e o estudo dependia principalmente de livros e apostilas.
O CNU (Concurso Nacional Unificado), o maior certame da história, tem 2,1 milhões de inscritos e será aplicado no domingo (5) em 228 cidades pelo país. Serão 6.640 vagas ofertadas em 21 órgãos públicos.
Os servidores que compartilharam suas trajetórias tiveram entre quatro e seis meses para se preparar, tempo similar ao dos candidatos do CNU, cujo edital foi lançado no início de janeiro. Muitos também precisaram conciliar estudos e vida profissional, dedicando-se às provas nos intervalos do trabalho e aos fins de semana.
Um dos cargos mais cobiçados do CNU é o de especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG), com 150 vagas abertas e salário inicial de R$ 20.924. Elizabeth Hernandes ocupa essa função há 23 anos e, hoje, é coordenadora de gestão do acervo e relacionamento externo na Imprensa Nacional.
Para ela, metade de sua aprovação no concurso se deu devido ao esforço nos estudos. Hernandes, que na época trabalhava como professora de educação física, precisava aproveitar todo o tempo livre para ler o conteúdo do edital, que ia de direito a finanças. Segundo a servidora, ela estudava até no transporte público, voltando do trabalho para casa.
“Os outros 50% se resumem a me manter calma e não cobrar de mim a obrigação de ser aprovada. Minha obrigação era fazer o melhor com os recursos que tinha”, afirma. “Fui aquela que chega ao local de prova com bastante antecedência para dar tempo de encontrar a sala, passar no banheiro e ainda interagir, e até rir, com outros candidatos.”
Ela diz que, nesta última semana, o candidato deve estar relaxado para fazer a prova. “Você não é obrigado a ser aprovado. Sua obrigação é continuar na luta por uma vida melhor para si e para todos.”
Danilo Marasca Bertazzi, 39, compartilha da mesma opinião. Ele, que também é EPPGG, atua como chefe da assessoria especial de Cooperação Federativa em Gestão e Governo Digital do Ministério da Gestão. A pasta tem 1.466 posições abertas no concurso.
Para o servidor, o candidato deve reduzir o ritmo de estudos nesses últimos dias e aproveitar o tempo para se acalmar para a prova, mas também revisar o que já foi feito.
Danilo se preparou por cerca de cinco meses para o concurso antes de ser aprovado, há cerca de 15 anos. Na época, comprou apostilas e separou livros e artigos para estudar de manhã e à noite, períodos em que não estava trabalhando, e aos fins de semana.
“Hoje, temos podcasts, vídeos e cursos gratuitos que, em 2009, não existiam. A concorrência é mais alta, mas a informação disponível para se preparar também é melhor”, afirma.
Outro órgão que oferece um número alto de oportunidades no Enem dos Concursos é a AGU (Advocacia-Geral da União). São 400 cargos disponíveis, sendo 154 só para a carreira de administrador no bloco de gestão governamental e administração pública.
Segundo Cláudia Trindade, 58, coordenadora da assessoria especial de diversidade e inclusão da entidade, o candidato deve se dedicar às disciplinas que têm mais dificuldade e treinar com provas de concursos anteriores.
“Eu fiz muito jovem, estava terminando a graduação e me dediquei integralmente para as provas por seis meses”, diz. “[Estar no setor público] significa trabalhar pelo interesse público e ao mesmo tempo ter estabilidade financeira.”
Além dos órgãos que participam do CNU, empresas públicas também são cobiçadas por concurseiros. Assim como em entidades de gestão governamental, essas companhias oferecem oportunidades para alcançar cargos de liderança a exemplo da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, servidora concursada.
“O emprego, o salário, a estabilidade são importantes e, muitas vezes, fundamentais para nossa sobrevivência, mas não preencherão todos os espaços necessários à sua satisfação se não representarem o seu propósito”, afirma Carlos Travassos, 57, diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras.
Ele está na petroleira há 34 anos e diz que se lembra de cada etapa do processo, incluindo as questões da prova. Segundo Travassos, seu preparo começou assim que soube do concurso. Na época, teve de equilibrar a rotina de trabalho, da graduação em engenharia e a preparação para a prova da Petrobras.
“É importante ter em mente que o termo servidor público traz em sua nomenclatura a essência da função: servir ao público. Isso precisa ser considerado por cada um que pretende ingressar nessa carreira”, diz Travassos.
Já no Banco do Brasil, o candidato ideal deve gostar de estudar, de acordo com Mariana Pires Dias, 43, diretora da gestão da cultura e de pessoas da empresa. Ela está no BB há 24 anos.
“O banco oferece várias oportunidades de crescimento profissional e pessoal. Basicamente, o que precisamos é de gente com vontade de aprender continuamente”
LUANY GALDEANO / Folhapress