SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma falha na linha 3-vermelha do metrô de São Paulo transformou em caos a volta para casa de quem precisa desse transporte público na capital paulista, no início da noite desta quinta-feira (1º). Passageiros ficaram presos nos trens por quase uma hora, e muitas pessoas tiveram de sair dos vagões e andar pelos trilhos, inclusive em túneis.
Segundo o Metrô, a linha teve de ser paralisada em razão de uma composição que teve os dispositivos de emergência acionados por passageiros, no trecho entre as estações Belém e Bresser, na zona leste.
“Esses acionamentos demandam o esvaziamento do trem, iniciado às 18h34, para a sua retirada de circulação, a fim de normalizar os dispositivos”, afirmou.
Por medida de segurança, a circulação foi interrompida e a energia retirada, até a remoção de todos os passageiros, de acordo com a companhia. O acesso às estações foi fechado por causa da paralisação da linha. Até a conclusão desta edição, não havia previsão de normalização.
Dentro dos vagões, passageiros entraram em desespero quando o trem parou, as luzes se apagaram e o ar-condicionado foi desligado. Usuários forçaram a porta, e o metrô oficializou a evacuação.
A bancária Juliana Roos, 33, conta que ela e outros passageiros ficaram mais de dez minutos no escuro. “As pessoas começaram a passar mal, tinha gestante dentro do vagão, uma moça desmaiou, e aí foi esse momento que começaram a quebrar as janelas para poder entrar um pouco de ventilação.”
“E aí, quando começou a entrar um pouco de ventilação, as pessoas começaram a sair na via por conta do calor que estava dentro vagão”, relata
Victor Durante, 29, analista de ecommerce, que pegou o metrô na estação Marechal, no centro de São Paulo, também relata momentos de tensão. “Comecei a ficar preocupado com o pessoal chutando porta, a gritaria”, diz, “Pensei que alguém fosse perder a cabeça.”
Às 19h40, a circulação foi restabelecida no trecho entre as estações Itaquera e Tatuapé, na zona leste, mas não no restante da linha.
“Fiquei mais de duas horas aqui”, diz Willyan Augusto Assunção, 33, gerente comercial. Ele afirma ter entrado na estação Belém às 18h, até receber um aviso de que havia pessoas na via. Segundo Willyan, os passageiros foram instruídos a descer na estação Bresser, onde até por volta das 20h esperavam por informações.
De acordo com o Metrô, por causa do problema, a velocidade da linha 1-azul foi reduzida, para equilibrar o fluxo na transferência da estação Sé, no centro de São Paulo.
Vídeos publicados na rede social X, (antigo Twitter) mostram pessoas saindo do trem e andando pelos trilhos próximo à estação Belém.
Um outro passageiro publicou em rede social que o trem estava havia mais de 25 minutos parado dentro do túnel entre as estações Belém e Bresser. Uma mulher relatou que havia gente brigando e passando mal.
Na estação República, a aglomeração em frente a uma das saídas é grande, com uma multidão aglomerada em frente a grade.
O Metrô disse ter acionado o sistema Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) entre as estações Carrão e Barra Funda, mas não informou quantos ônibus estão sendo usados.
O Metrô não deu prazo para normalização do sistema. No momento em os primeiros relatos de problemas começaram, o presidente da empresa, Julio Castiglioni, participava na Cidade do Panamá da mesa-redonda “Os desafios das empresas públicas na América Latina e no Caribe”, dentro da programação da Conferência CAF América Latina e Caribe: Uma região de soluções globais.
VALOR DO UBER MAIS QUE DOBRA DO CENTRO ATÉ O TATUAPÉ
Alternativa buscada por milhares de passageiros que não conseguiram embarcar, corridas com carros de aplicativos tiveram seus preços mais que dobrados devido à elevada procura.
Simulações feitas pela Folha para viagens com a Uber a partir da região central com destino para três pontos da zona leste fora do centro expandido passavam dos R$ 100.
Às 20h, a corrida entre a estação do metrô República, no centro, até Guaianases, no extremo leste, custava R$ 155. Partindo da mesma estação na região central, a viagem um pouco mais curta, até Itaquera, saía por R$ 130. Se a opção fosse pelo desembarque no Tatuapé, na borda do centro expandido, preço cobrado seria de R$ 100.
Em nota, a empresa Uber informou que o preço se torna dinâmico e o valor da viagem pode ficar mais caro do que o habitual para um determinado trecho quando a demanda em uma determinada área é maior do que o número de motoristas circulando na região naquele momento.
O preço dinâmico é aplicado, segundo a Uber, para incentivar que mais motoristas se conectem ao aplicativo e assim os usuários tenham um carro sempre que precisar. Quando a oferta sobe novamente, os preços voltam ao normal.
A Uber ainda afirmou que, de qualquer forma, o preço dinâmico é informado ao usuário no momento em que a viagem é solicitada.
FÁBIO PESCARINI, ERICK ALMEIDA E CLAYTON CASTELANI / Folhapress