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Livros em ebook e áudio crescem, e didáticos têm queda brusca no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As vendas de livros ao mercado aparecem quase estagnadas no último ano, segundo dados da nova pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial, que aponta uma queda de 1% no faturamento do setor, se descontada a inflação.

O levantamento é o maior balanço anual das contas do mercado editorial, coordenado pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros e realizado pela consultoria Nielsen.

Quando se olha os dados mais de perto, há alguns recortes mais reveladores. Primeiro, a venda de conteúdo digital pelas editoras —que inclui ebooks, audiolivros e outros produtos virtuais— cresceu 16% de um ano para outro.

Foi um movimento puxado pelas bibliotecas virtuais, modelo que representa 44% das vendas de obras digitais hoje —é um tipo de negócio em que editoras montam bancos virtuais de livros técnicos e negociam diretamente com universidades para distribuir aos seus alunos.

Mesmo com o salto, os livros digitais ainda representam apenas 9% do total do mercado editorial, um modesto crescimento em relação aos 8% do ano passado. Cerca de 9% dessa fatia vem do negócio de audiolivros, que teve mudanças significativas puxadas principalmente pela chegada da Audible, braço do conglomerado Amazon, ao Brasil no segundo semestre de 2023.

Os livros lançados em áudio, por exemplo, cresceram e hoje chegam a 21% dos lançamentos do mercado digital —e metade disso são obras de ficção, o que é novidade para um mercado muito dominado por livros de especialização e crescimento pessoal. Outro sintoma do impacto da Audible é o crescimento de 64% em vendas de audiolivros em modelo por assinatura.

O setor de livros didáticos, fatia robusta da receita do mercado, teve uma queda expressiva de 9,5% de 2023 para 2024, o que pode ser atribuído à popularização cada vez maior de material digital especificamente feito para cada escola.

“A migração do modelo do livro didático para o do sistema de ensino vem se intensificando em uma velocidade maior”, diz Mariana Bueno, analista responsável pela pesquisa na Nielsen, comparando cautelosamente ao mesmo movimento que já aconteceu no setor de livros técnicos e profissionais, hoje fortemente digitais.

O balanço dos didáticos fica positivo no total, contudo, quando se incluem as compras do governo, que tiveram um aumento real de 6,6% em 2024. Bueno, da Nielsen, aponta que o crescimento “é substancial, mas dentro do esperado”, dentro do calendário orçamentário do governo —foi o ano, por exemplo, em que o Executivo comprou livros para as faixas de ensino infantil e fundamental 1, que concentram mais estudantes que os do ensino médio, contemplados no ano anterior.

Contudo, os diretores de entidades presentes frisaram uma queixa já recorrente do mercado em relação à defasagem de anos na compra de livros pelo governo Lula, expressa principalmente no programa de compras de livros paradidáticos, o PNLD Literário.

“Temos tido seguidos problemas de atrasos na execução de programas do governo, e temo que isso vá acontecer de novo esse ano”, afirma Dante Cid, presidente do sindicato dos editores. “O quadro é realmente triste.”

Sevani Matos, que comanda a Câmara Brasileira do Livro, aponta que a perspectiva de 2025 é de contingenciamento de todas as verbas do governo para o setor.

Hoje os livros de não ficção para adultos representam a maior fatia de faturamento do mercado, atingindo 28,5% do bolo, contra 27% dos didáticos —é a primeira vez que essa pesquisa, a mais longeva do mercado, calcula como foram as vendas por gênero.

Em seguida, vêm empatados os livros religiosos e de ficção adulta, com 16% do total —mas em termos de número de exemplares, os religiosos são campeões, com 29% das cópias vendidas no país.

WALTER PORTO / Folhapress

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