Lobista sob suspeita no STJ é alvo de operação contra venda de sentenças em MS

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos alvos da operação que afastou cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (24), o empresário Andreson de Oliveira Gonçalves é um dos principais envolvidos nas suspeitas relacionadas à venda de decisões judiciais em gabinetes do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Essas suspeitas estão sendo investigadas pela Polícia Federal em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme revelado pela revista Veja, Andreson era interlocutor do advogado de Mato Grosso Roberto Zampieri, assassinado em dezembro do ano passado.

As conversas que estavam no celular de Zampieri apontaram relações suspeitas do advogado com magistrados e fundamentaram o afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Andreson era a conexão de Zampieri com tribunais de Brasília, segundo as investigações, e negociava decisões em gabinetes do STJ.

Em um dos áudios divulgados pela Veja, Zampieri reclama que “não é fácil” arranjar R$ 1 milhão, diz que o lobista “passa milhões por ano para o cara” e pede algum tempo para conseguir o resto do dinheiro.

Na investigação sobre o TJ-MS, o empresário é relacionado a suspeitas sobre o desembargador Marcos José de Brito Rodrigues.

Segundo dados obtidos pela PF na nuvem do celular do magistrado, o desembargador trocava mensagens ao menos desde 2018 com o empresário, “demonstrando que possuem contato atual e aparentemente muito próximo”.

JUDICIÁRIO NA MIRA

Em mensagens, Andreson pedia informações ao desembargador e ao seu gabinete, e foi encontrada a atuação do magistrado em processo relacionado aos seus pedidos.

“Considerando que Andreson envia os extratos dos processos a Marcos Brito e que ele proferiu decisão em pelo menos um processo relacionado a eles, somado à proximidade entre eles e demais elementos que serão expostos (…) entendemos haver fortes indícios de que tal desembargador estivesse recebendo propina de Andreson”, diz a polícia.

O desembargador e o empresário também trocavam informações sobre processos que tramitavam no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Andreson foi alvo de busca e apreensão em seus endereços em Brasília e Cuiabá e de quebra de sigilo bancário e fiscal.

Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul afirma o ministro Francisco Falcão, do STJ, determinou “medidas direcionadas exclusivamente a alguns desembargadores, magistrado e servidores”, e que elas foram “regularmente cumpridas, sem prejuízo a quaisquer dos serviços judiciais prestados à população e que não afetam de modo algum os demais membros e componentes da Justiça sul-mato-grossense”.

“Os investigados terão certamente todo o direito de defesa e os fatos ainda estão sob investigação, não havendo, por enquanto, qualquer juízo de culpa definitivo”, diz o tribunal.

“O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul seguirá desenvolvendo seu papel de prestação jurisdicional célere e eficaz, convencido de que aos desembargadores, magistrado e servidores referidos, será garantido o devido processo legal.”

JOSÉ MARQUES E FABIO SERAPIÃO / Folhapress

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