SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) não detectou risco de contaminação no ferro velho do Jardim Iguatemi, na zona leste de São Paulo, onde foi encontrada na sexta-feira (5) uma embalagem aberta de produto radioativo para uso hospitalar.
O órgão, que fiscaliza o uso de materiais nucleares e radioativos no país, realizou uma operação para monitoramento de radiação no local na manhã deste sábado (6) e informou que, do ponto de vista radiológico, a área está liberada após 13 horas de interdição. O trabalho foi realizado com apoio da equipe de Produtos Perigosos do Corpo de Bombeiros, que ajudou na remoção de material pesado, possibilitando uma varredura mais precisa.
De acordo com a equipe técnica da Cnen, o nível de radiação detectado no local foi considerado seguro, proveniente da radiação ambiente, que é a radiação natural, e não oferece risco algum para a população do entorno. A embalagem continha blindagem de gerador de 99Mo/99mTc (molibdênio-99 e tecnécio-99m) exaurido (já utilizado), que, no entanto, não foi encontrada. Esses produtos são usados na medicina nuclear para o diagnóstico de diversas doenças, como câncer, obstruções renais e demências, segundo o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), vinculado à USP.
“O balde vazio de gerador de 99Mo/99Tec e a tampa foram apreendidos e levados para o Ipen/Cnen. A área, que esteve isolada das 20h de sexta-feira, 5, até as 9h40 deste sábado, 6, já foi liberada. As investigações do caso permanecem pelo 49º DP, que realiza diligências visando à identificação da autoria e recuperação total da carga. Caso seja encontrado o restante do material ou parte dele, a Cnen deverá ser acionada, para nova operação de monitoramento”, informou o órgão, em nota.
O material composto por cinco embalagens de materiais radioativos estava em uma caminhonete saveiro (placa RF1873) que foi furtado na madrugada última segunda-feira (1º), na rua Félix Bernadelli, no bairro Iguatemi, zona leste da cidade de São Paulo. O carro pertence a uma empresa de equipamentos médicos, que havia coletado os produtos no Rio de Janeiro e iria transportá-los aos estados do Paraná e a Santa Catarina.
A Polícia Civil encontrou duas das cinco embalagens no desmanche de carros, sendo que uma ainda estava lacrada e outra, aberta. O Cnen e o delegado titular do 49º Distrito Policial, Evandro Lemos, confirmaram que a lata lacrada era aquela que ainda estava cheia com o produto radioativo.
Segundo o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Cnen, Alessandro Facure, os produtos de quatro embalagens já haviam sido utilizados pelos hospitais e estavam sendo devolvidos ao fabricante –o Ipen.
O único invólucro com material radioativo era o fechado e continha uma “coluna de germânio-68”, entre outros produtos, que seria levada a uma clínica de medicina nuclear, segundo Facure. A meia-vida desse material é de 288 dias, o equivalente a cerca de nove meses e duas semanas –ou seja, o germânio-68 perde metade de sua radioatividade nesse período.
A Polícia ainda realiza diligências para tentar localizar o veículo furtado e recuperar as demais embalagens. A investigação já observou as câmeras de segurança da região de onde o carro foi levado para tentar identificar os responsáveis.
Redação / Folhapress