Logística do Poupatempo é aposta ‘hit’ para saúde de SP, da gestão estadual a candidatos como Boulos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo de São Paulo planeja transferir as filas de transplantes e de oncologia para o sistema do Poupatempo no próximo ano, segundo o secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva.

A ideia, segundo ele, é “utilizar o portal do Poupatempo, que todo mundo tem acesso, para poder avançar na saúde” e garantir mais transparência. No momento, outros projetos em parceria com o sistema auxiliam a população com informações de consultas e agendamentos para a prevenção do câncer de mama e próstata.

A iniciativa da gestão estadual não é a primeira a pensar no Poupatempo como uma alternativa à melhora nos atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde). Em São Paulo, políticos que não têm acesso ao equipamento aproveitam a logística dele para novas ideias. O mesmo acontece com prefeitos e candidatos de fora do estado.

O deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), tem apresentado o projeto de “Poupatempo da Saúde” como proposta para zerar as filas do SUS no estado.

Segundo Boulos, que tem no time que elabora seu plano de governo Daniel Annenberg, um dos criadores do Poupatempo, o projeto teria orçamento de R$ 4 bilhões e contaria também com um centro diagnóstico focado em especialidades em diversas áreas do município.

Um projeto similar, com mesmo nome, foi implementado no início deste ano no município de Santo André. “Os primeiros fomos nós”, diz o secretário municipal de Saúde, Acácio Miranda.

O Poupatempo da Saúde de Santo André funciona em parceria com a Fundação do ABC dentro de um shopping da cidade, com dois andares e 45 consultórios. Ele não usa a mesma plataforma do Poupatempo estadual, mas uma própria. “Só tem a ideia do Poupatempo do governo”, diz Miranda.

Segundo ele, desde a instalação, o município economizou dinheiro, conseguiu atender mais pessoas e permitiu à população maior facilidade de acesso a consultas especializadas.

As pessoas podem ser atendidas depois de passarem por uma UBS (Unidade Básica de Saúde) e serem encaminhadas ao Poupatempo —o profissional de saúde já realiza o cadastro e deixa a consulta marcada— ou, se já tiverem cadastro e prescrição médica, podem marcar a consulta pelo aplicativo.

“Ele não fica perdido no SUS. Antes passava na UBS, tinha pedido para que fosse atendido na atenção especializada, tinha que se dirigir a uma policlínica para marcar, e voltar depois de dias para fazer a consulta. No Poupatempo, tudo é concentrado”, diz o secretário.

Miranda afirma que, nos quatro meses desde a implantação, cerca de cem candidatos e pré-candidatos a prefeituras do estado de São Paulo e de fora dele visitaram o programa em Santo André. Boulos não estava entre eles.

Em Osasco, o deputado estadual e candidato Emidio de Souza (PT) também anuncia o Poupatempo da Saúde como um de seus principais projetos do programa de governo. “O Poupatempo da Saúde é um centro de especialidades para você resolver tudo no mesmo lugar, de maneira ágil e rápida”, escreveu nas redes sociais.

O Poupatempo original foi desenhado em 1997 para acabar com a peregrinação da população por diferentes órgãos do governo. Nele, é possível obter a carteira de identidade, CNH, licenciar um veículo, emitir atestado de antecedentes criminais, solicitar serviços da Sabesp, realizar matrícula na escola básica, emitir declaração de aposentadoria, entre outros serviços.

O Governo de São Paulo tem mais de 200 postos do Poupatempo em funcionamento no estado.

Em 2020, a pandemia acelerou a digitalização do sistema, que passou a emitir até a carteira de vacinação da Covid. Hoje, é possível conseguir digitalmente a segunda via do RG, carteira do trabalho e liberar um veículo apreendido pelo Detran, por exemplo.

Os serviços da saúde incluem consultar o itinerário das Carretas da Mamografia, agendar mamografia no Programa Mulheres do Peito, consultar onde há exames preventivos de cardiologia e urologia, e realizar um teste para avaliar nível de dependência em nicotina.

A partir do segundo semestre do próximo ano, porém, deve incluir o acesso às filas de transplante, e posteriormente as de oncologia. “A grande discussão em que estamos parados agora é que é mais fácil o controle das filas de oncologia por região do estado, mas é difícil a população saber a qual região do estado pertence”, diz o secretário de saúde de São Paulo.

GEOVANA OLIVEIRA / Folhapress

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