BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) anunciou nesta quarta-feira (3) o Plano Safra para 2024 e 2025 com a cifra recorde de R$ 400,5 bilhões.
O petista fez uma cerimônia com parlamentares e empresários do agronegócio em um movimento para tentar se aproximar do setor, que é uma das principais bases eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O governo federal também anunciou R$ 108 milhões em recursos da linha de crédito LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) para complementar os incentivos do Plano Safra.
Apesar do esforço, a bancada ruralista no Congresso mantém críticas e dizem que o plano precisa de ainda mais recursos para o seguro rural e para a equalização da taxa de juros cobradas dos produtores.
O programa como um todo terá R$ 400,5 bilhões, mas só uma parte desses recursos vem dos cofres públicos. O programa prevê linhas de crédito e incentivos para o setor, tendo como destinatários desde agricultores familiares a mega produtores.
O valor é superior ao do primeiro ano do governo Lula 3, quando foram anunciados R$ 364 bilhões para o financiamento da atividade agropecuária de médio e grandes agricultores.
O anúncio acontece em um momento de novas dificuldades na relação com o agronegócio, que nas últimas eleições apoiou Bolsonaro em peso.
O setor e a bancada ruralista reagiram à iniciativa do governo de importar arroz para evitar a alta do preço do produto em decorrência da calamidade climática no Rio Grande do Sul.
Após problemas no leilão, com indícios de irregularidade, o governo decidiu anular o leilão. Durante esse processo, também houve a demissão do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller.
O Plano Safra é uma das principais apostas do governo Lula para se reaproximar do agronegócio, setor que esteve associado nos últimos anos com o bolsonarismo.
No entanto, o plano desse ano vem enfrentando alguns percalços e chegou a ter seu lançamento adiado uma vez. O governo trabalhava inicialmente com um novo recorde nos valores, ultrapassando R$ 500 bilhões -o valor anunciado ainda é recorde, mas está abaixo do esperado.
O próprio ministro Carlos Fávaro chegou a afirmar que pretendia fazer o lançamento no estado do Mato Grosso, um dos berços do agronegócio. Mas, com receio de resistência dos produtores locais, o evento foi realizado em Brasília, no Palácio do Planalto.
Representantes do agronegócio afirmaram ter gostado dos números apresentados pelo governo, mas viram problemas em dois componentes do programa –cerca de R$ 1 bilhão para o seguro rural e R$ R$ 16,5 bilhões para a equalização da taxa de juros. Na visão do setor, os valores são insuficientes para atender às demandas dos produtores rurais, apontaram membros da Frente Parlamentar da Agropecuária.
O lançamento ocorreu em uma cerimônia a parte da do Plano Safra para agricultura familiar, feita também nesta quarta, que terá terá R$ 76 bilhões de crédito.
MARIANNA HOLANDA E MATHEUS TEIXEIRA / Folhapress