Lula associa terremoto no Marrocos a mudança climática

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) associou nesta segunda-feira (11) o terremoto que provocou milhares de mortes e destruição no Marrocos aos impactos da mudança climática. Não há comprovação científica, porém, de que os eventos meteorológicos extremos sejam a causa direta dos tremores.

“Um terremoto que também não tem muita explicação a não ser a mudança do clima, a não ser o que nós estamos fazendo com o planeta”, disse Lula em Nova Déli, na Índia, onde participa da cúpula do G20, o grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), estatisticamente, há distribuição semelhante de terremotos em regiões com climas diferentes. A instituição diz que tempestades intensas, incluindo furacões e tufões, até podem desencadear o que chama de “tremores lentos”, mas esses eventos não seriam significativos. “Não existe ‘clima de terremoto'”, afirma.

O terremoto que assolou o Marrocos ocorreu na sexta-feira (8) em Ighil, nas montanhas do Alto Atlas, cerca de 70 quilômetros a sudoeste da cidade turística de Marrakech. Nesta segunda, o Ministério do Interior marroquino atualizou o número de mortes para 2.862 —outras 2.562 pessoas ficaram feridas.

Na véspera, 2.122 mortes tinham sido confirmadas. Equipes de resgate conduzem operações para encontrar sobreviventes —os socorristas tentam acessar regiões que foram bloqueadas, e as autoridades não divulgaram estimativas sobre pessoas desaparecidas.

Além de Marrakech, as mortes se concentram nas províncias de Al Hauz, Uarzazat, Azilal, Chichaoua e Tarudant. Em várias cidades, sobreviventes permanecem abrigados em tendas improvisadas nas estradas ou próximas de edifícios destruídos. Tremores secundários, de menor magnitude, continuam sendo registrados.

Milhares de casas construídas com métodos marroquinos tradicionais, utilizando barro e madeira, desmoronaram durante o sismo. Na manhã desta segunda, sobreviventes vasculhavam os destroços com as mãos numa tentativa de encontrar desaparecidos ou de recuperar bens.

Militares do Exército foram mobilizados para as operações de resgate, e o governo diz que fornece água potável, alimentos e cobertores às pessoas impactadas. À medida que cresce o número de mortes, porém, aumenta também a insatisfação da população frente à reação das autoridades.

Críticos do governo dizem que as respostas têm sido lentas. Em comunicado transmitido na televisão, o porta-voz do governo, Mustapha Baytas, rebateu as acusações, dizendo que todos os esforços estavam sendo feitos. Já o rei Mohammed 6º disse ter instruído o premiê Aziz Akhannouch na criação de um plano de emergência, que prevê, entre outras coisas, a reconstrução de moradias nas regiões mais devastadas.

O terremoto foi o mais letal desde 1960, quando outro tremor provocou a morte de 12 mil pessoas. Além das perdas humanas, o sismo também atingiu o patrimônio arquitetônico do país. Construções históricas foram arruinadas, e as autoridades dizem que os danos totais ainda não podem ser calculados. Edifícios da cidade velha de Marrakech, patrimônio mundial da Unesco, foram danificados. Partes da Mesquita de Tinmel, do século 12, numa área mais próxima do epicentro, também desabaram.

A Unesco disse estar ciente dos relatos de destruição do local, mas ainda aguardava o envio de uma equipe para avaliar danos. A mesquita era candidata a integrar a lista de patrimônios mundiais do órgão das Nações Unidas.

Diversos países continuam mobilizando socorristas para missões de ajuda. Militares da Espanha, do Reino Unido, do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos foram enviados ao Marrocos com equipamentos avançados de buscas. Outras nações, incluindo França, Estados Unidos e Israel, também ofereceram assistência.

“É difícil dizer se as probabilidades de encontrar sobreviventes diminuíram porque, na Turquia, por exemplo, conseguimos encontrar uma mulher viva após seis dias e meio. Sempre há esperança”, disse a comandante da equipe espanhola de bombeiros, Annika Coll, que participa das buscas no Marrocos. Ela se referia ao terremoto de magnitude 7,8 que devastou regiões da Turquia e da Síria em fevereiro —somente no primeiro, mais de 50 mil mortes foram confirmadas.

Redação / Folhapress

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