CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) chorou durante discurso em Curitiba ao lembrar dos 580 dias em que ficou preso na capital do Paraná, no âmbito da Operação Lava Jato. Ele participou de ato na refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), na manhã desta quinta-feira (15).
É a primeira vez que o presidente visita a cidade no atual mandato. Nas outras duas passagens pelo estado desde 2023, ele participou de atos em Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná.
Lula falou para uma plateia formada principalmente por trabalhadores da petroleira e também por integrantes do MST, que, na época da prisão do petista, articularam um acampamento em frente à sede da PF. Os militantes ficaram em vigília ao longo do período em que ficou preso.
“Eu sou muito grato ao trabalho que vocês fizeram durante os 580 dias que eu fiquei na Polícia Federal. A minha música eram três bons dias, de manhã, de tarde e de noite. Todo santo dia, durante 580 dias, fazendo frio, calor ou chovendo. Sendo domingo ou feriado prolongado. Aquilo marcou a minha vida”, disse Lula.
“Vocês não têm dimensão do orgulho que eu estou de estar vestindo esta camisa da Petrobras”, completou.
Mais cedo, em entrevista a uma rádio local, Lula disse que pretendia “fazer uma visita na cela onde eu fiquei preso”.
“Só não vou hoje porque a Janja não está comigo, e ela queria ir comigo. Uma das companheiras que organizava a vigília também não pode vir. Eu vou visitar ainda a cela onde eu estive preso”.
O presidente também falou de “juiz insignificante” e “procuradores que integravam uma quadrilha no MPF”, além de criticar as paralisações em obras na esteira da Lava Jato. “Se você quer prender um ladrão, prenda, o que não pode é destruir a empresa, o emprego”, apontou ele.
“Muitas vezes, eu ficava deprimido e chorava quando ficava sabendo de notícias de que companheiros trabalhadores da Petrobras entravam num restaurante para comer ou entravam no bar e muitas vezes era chamado de ladrão”, afirmou.
O petista completou no discurso que “conseguiram criar no imaginário daqueles que não gostam de nós a ideia de que todo mundo na Petrobras era ladrão”, inclusive “os seus trabalhadores”.
Na rádio, ele disse ainda que se sentia bem em Curitiba, onde tem “muitos amigos” e onde o PT “tem uma história muito forte”. Também disse que ficou emocionado ao ser recebido no aeroporto por uma pessoa que às vezes levava bolo para ele durante a prisão. “Ela foi solidária e gentil quando nem todo mundo queria ser educado e gentil comigo”, disse ele.
CATARINA SCORTECCI E NICOLA PAMPLONA / Folhapress