Lula diz que eleição está longe 10 dias após afirmar que 2026 já começou

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (30) que considera cedo para a realização de pesquisas de intenção de voto a respeito da corrida presidencial de 2026.

A fala vem poucos dias após ele próprio ter declarado que “2026 já começou” e também em um momento de queda na aprovação de seu governo.

Lula ainda disse que não se importa com o resultado das pesquisas e que considera prematura a divulgação de levantamentos de avaliação, considerando que seu mandato ainda está na metade.

“Você tem primeiro ano de governo. Como ganhou eleição, o povo tem muita expectativa e está tranquilo. No segundo ano, seja com presidente, governador, ou prefeito, começa o povo a ver se a expectativa que ele tinha está sendo cumprida”, afirmou.

O presidente então disse que costumava conversar com o ex-ministro Paulo Pimenta (Secom) para ele não se preocupar com o resultado das pesquisas, porque “a gente não está entregando o que prometeu”.

“Então como é que o povo vai falar bem do governo se a gente não tá entregando? É preciso ter muita paciência. Primeiro que não sou um cara que se preocupa com pesquisa. Não é feita para gostar ou não, é para analisar, verificar se tem fundo de verdade e começar a fazer correções necessárias. É muito cedo para fazer pesquisa sobre 2026, muito cedo para avaliar o governo com dois anos de governo.”

Levantamento da Quaest, divulgado na segunda-feira, mostrou que pela primeira vez no terceiro mandato a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva.

A pesquisa mostrou que 37% avaliam negativamente o governo, um crescimento de seis pontos em relação à última sondagem, em um intervalo de um mês e meio. A gestão é considerada positiva por 31% dos entrevistados e avaliada como regular por 28%. Outros 4% não souberam ou não quiseram responder.

Em outro momento de sua fala nesta quinta, Lula também questionou os rumores sobre eventuais alianças no próximo ano. “Se o Republicanos vai me apoiar ou não em 2026, deixa chegar, gente. Não vamos antecipar dois anos. O meu problema agora é fazer com que 2025 seja o ano da melhor colheita política desse país para o meu governo”, afirmou.

Na mesma linha, também disse ter dado risada da fala do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de que o PT seria derrotado se a eleição presidencial fosse hoje.

“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Eu olhei no calendário e vi que a eleição vai ser só daqui a dois anos. Eu fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição”, afirma.

O petista concedeu entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto. A conversa acontece em meio à mudança na Secom (Secretaria de Comunicação Social), com a chegada do publicitário Sidônio Palmeira, que já alertou aliados que pretende dar mais visibilidade ao presidente.

O próprio mandatário afirmou que pretende repetir rotineiramente essas conversas com a imprensa. O formato da entrevista também é uma novidade no atual governo, com o aviso em cima da hora e sem uma pauta específica.

Lula até chegou a fazer cafés com a imprensa, periodicamente. No entanto o formato buscava preservar mais o presidente, marcando um certo distanciamento físico em relação aos jornalistas. Além disso, eram menos perguntas feitas ao mandatário.

Participaram da entrevista os repórteres de veículos que fazem a cobertura diária do Palácio do Planalto. Dez profissionais que fazem a cobertura diária do Planalto foram sorteados para fazer perguntas. Eles são dos veículos O Globo, Rede TV!, TV Meio Norte, UOL, R7, ICL, Rádio Gaúcha, Platô, Broadcast e Valor.

Durante reunião ministerial no último dia 20, Lula disse que a corrida presidencial de 2026 já havia iniciado e que ele não queria entregar o país “de volta para o neonazismo”.

“Dois mil e vinte e seis já começou. Se não por nós, porque temos que trabalhar, capinar, temos que tirar todos os carrapichos, mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. Só ver o que vocês assistem na internet para ver que já estão em campanha. A antecipação de campanha para nós é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar o que o povo precisa”, disse.

REFORMA MINISTERIAL

A entrevista no Palácio do Planalto durou cerca de uma hora, período no qual o presidente foi questionado por assuntos de política, relações internacionais e economia.

Lula desconversou ao ser questionado sobre a entrada no governo da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). Elogiou bastante a correligionária, disse que ela é um “quadro refinado” e que seria “ministra em qualquer país do mundo”, mas evitou declarar que ela ocupará um cargo.

O presidente já avisou a aliados que Gleisi vai assumir um ministério na reforma ministerial. Ela deve ser nomeada ministra da Secretaria-Geral da Presidência, que ocupa um gabinete dentro do Palácio do Planalto e tem entre suas atribuições a relação com os movimentos sociais.

Lula também tergiversou sobre a realização de uma reforma ministerial mais ampla. Disse de uma maneira genérica trocar um nomeado é “com o mesmo carinho” com que o convidou para entrar em seu governo.

O presidente foi questionado sobre a hipótese de serem nomeados os atuais presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) -os dois são cotados para virarem ministros.

Ao responder, Lula não fez nenhuma menção a Lira. “Se eu pudesse falar, eu falaria [sobre reforma ministerial]. Mas o que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais”, afirmou.

No encontro, o presidente afirmou que quem quiser derrotar seu governo precisará ir para a rua.

“Digo sempre que quem quiser derrotar o meu governo tem que aprender a fazer luta de rua […] esse é meu tipo de governar e fazer com que as coisas deem certo no Brasil”, afirmou.

O mandatário disse estar “100% recuperado” e “pronto para todas as lutas”, após cirurgia no crânio para interromper o fluxo de sangue. O problema é decorrente de uma queda no banheiro da residência oficial do Palácio da Alvorada. Lula disse que foi autorizado a viajar e que a primeira será para anunciar investimentos da Petrobras, sem precisar quando e o local.

MARIANNA HOLANDA, JOÃO GABRIEL, RENATO MACHADO E MARIANA BRASIL / Folhapress

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