Lula diz que espera oportunidade para ‘dar o bote’ e pôr fim ao imposto de renda sobre PLR

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, PR E PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) disse nesta quinta-feira (15) que se compromete com o fim da incidência de imposto de renda sobre PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

“Só estou esperando a oportunidade para que a gente possa dar o bote e aprovar o fim do imposto de renda para o PLR”, disse Lula em visita na fábrica da Renault em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

O presidente do SMC (Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba), Sérgio Butka, cobrou de Lula a isenção de imposto de renda para participação nos lucros, uma demanda dos funcionários da Renault e de sindicatos do setor automotivo. O projeto de isenção foi aprovado em comissão da Câmara dos Deputados em novembro de 2023.

De acordo com o presidente, o maior empecilho é a falta de uma base forte no Congresso para garantir a aprovação.

“Meu partido tem apenas 70 deputados em 513. Se juntar o partido do Alckmin, mais os partidos de esquerda, nós temos 120 deputados”, disse Lula. “Eu tenho 9 senadores em 81. Então não é fácil aprovar as coisas que a gente quer que seja aprovado”.

Lula falou aos sindicalistas que é “mais radical” do que eles sobre a isenção do PLR e comparou com a tributação de acionistas da Petrobras. “No final do ano teve R$ 45 bilhões distribuídos como dividendo para os acionistas. Eles não pagam um centavo de imposto de renda.”

O presidente estava acompanhado de uma comitiva ministerial, do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), do presidente nacional da Renault, Ricardo Gondo, e do presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite.

Ratinho Junior, cotado a concorrer à presidência em 2026, não participou da cerimônia após a visita por questões de agenda, depois de um atraso de duas horas no início da programação.

No evento, o presidente da Renault destacou o investimento de R$ 5,1 bilhões realizado pela empresa no Brasil desde 2021 e previsto até 2025.

Ricardo Gondo defendeu o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), desenvolvido pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), como “essencial para a indústria automobilística brasileira”.

Os investimentos do programa de incentivo à sustentabilidade prevem investimentos de R$ 3,5 bilhões neste ano.

Segundo o presidente da Anfavea, 50 mil empregos foram gerados pela Renault, e 1,5 milhão de veículos foram produzidos pela empresa em 2023. “O setor automotivo está de volta”, disse Márcio de Lima Leite.

Leite defendeu as políticas de Lula para o setor nos primeiros dois mandatos e a retomada das políticas de incentivo no terceiro, e disse que é preciso honrar as ações do presidente assim como “o legado de Juscelino Kubitschek na criação a indústria automobilística no Brasil”.

Também integram a comitiva o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Laércio Portela (secretaria de Comunicação Social)

A visita faz parte da agenda de dois dias do presidente na região Sul.

Na primeira parada em Araucária (PR), Lula participou da reabertura da fábrica de fertilizantes Ansa, que estava fechada desde 2020 e tem histórico de prejuízos, e anunciou investimentos de R$ 3,2 bilhões na refinaria Getúlio Vargas. Em discurso a apoiadores, o petista criticou a paralisação de obras que tiveram indícios de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.

Lula também chorou ao falar sobre os 580 dias que ficou preso na sede da Polícia Federal em Curitiba após ser condenado pela Lava Jato, posteriormente anulada. É a primeira vez que Lula visita a região metropolitana da capital paranaense desde o início do seu terceiro mandato.

À noite, Lula segue para o Rio Grande do Sul, onde participará da inauguração de um complexo rodoviário em São Leopoldo, e depois segue para Porto Alegre para a entrega de moradias do Minha Casa Minha Vida e do novo centro de oncologia do Hospital Conceição.

CATARINA SCORTECCI E CARLOS VILLELA / Folhapress

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