Lula diz que ‘família é sagrada’ ao defender manutenção de saidinha de presos

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) disse nesta terça-feira (23) que “família é coisa sagrada” ao defender veto parcial do projeto que acaba com as saídas temporárias de presos, que tinha sido aprovado pelo Congresso.

Com isso, o presidente manteve as saidinhas para que os detentos possam visitar familiares em datas comemorativas. A decisão será ainda analisada pelo Congresso, e Lula disse lamentar caso derrubem-na.

“O que nós vetamos: a proibição de o cidadão ou cidadã que não tenha cometido crime hediondo, estupro, crime de pedofilia, possa visitar parentes. É coisa de família, família é coisa sagrada, base principal da organização de uma sociedade”, disse.

“Como vai proibir cidadão que tá cumprindo pena, e se ele está cumprindo pena é que o estado pensa que é possível recuperá-lo, e não cometeu crime considerado hediondo possa deixar de visitar parente? Tenho certeza que muitos daqueles que são contra, quando parente sair vai querer recebê-lo, porque família é coisa muito sagrada”, completou.

O chefe do Executivo disse ainda que “se o Congresso derrubar, é problema do Congresso”. “Posso lamentar, mas tenho que acatar”.

A declaração foi dada durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. Este é o primeiro do ano.

A tendência é que o Congresso Nacional derrube o veto presidencial, reestabelecendo as restrições.

O termo data comemorativa não está incluindo no texto da lei, mas contempla, por exemplo, visitas às famílias em feriados como o Natal ou os dias das Mães e dos Pais, com o intuito de ressocializar o preso. Cada estado estipula seu próprio calendário.

O benefício da saída temporária é concedido há quase quatro décadas pela Justiça a presos do sistema semiaberto que já tenham cumprido ao menos um sexto da pena, no caso de réu primário, e um quarto da pena, em caso de reincidência, entre outros requisitos.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, menos de 5% dos detentos que tiveram direito à saidinha de Natal em 2023 não retornaram aos presídios, taxa considerada baixa por especialistas.

CATIA SEABRA, MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO / Folhapress

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