BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a questionar nesta sexta-feira (28) o patamar da taxa de juros no Brasil e a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“A taxa de juros de 10,50% [ao ano] é irreal para uma inflação de 4%. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente [do Banco Central]”, afirmou o presidente em entrevista à rádio O Tempo, durante sua passagem por Minas Gerais.
“O Presidente da República não pode ficar brigando com o presidente do BC, porque ele foi escolhido pelo governo anterior, pensa ideologicamente igual ao governo anterior e não está fazendo o que deveria fazer corretamente”, disse o petista.
No dia 18, em entrevista à rádio CBN, Lula disse que Campos Neto tem lado político e trabalha para prejudicar o país.
Na quinta (27), Lula disse que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem condições de presidir o banco após o mandato de Roberto Campos Neto, que termina em dezembro deste ano.
“O Galípolo é um menino de ouro. Se tem um menino de ouro é Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente ele tem todas as condições para ser presidente do Banco Central. Mas nunca conversei com ele, nunca falei com ele [sobre isso]”, afirmou em outra entrevista em Belo Horizonte.
Galípolo votou a favor para a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano na última decisão do Copom (Conselho de Política Econômica) do Banco Central.
O presidente também voltou a negar a associação entre a subida do dólar e uma declaração em entrevista ao UOL em que ele teria colocado em dúvida a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo.
“Tem especulação com derivativo para valorizar o dólar e desvalorizar o real, e o Banco Central tem que investigar isso. Se o Presidente da República que for eleito não puder falar, quem vai poder falar? O cara que perdeu? O presidente do Banco Central?”, afirmou Lula em entrevista à rádio O Tempo.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress