BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (23) que a presidência brasileira do G20 vai focar três discussões principais, sendo uma delas a possibilidade de reforma do sistema de governança global.
Lula também afirmou que outro tema que receberá atenção durante o mandato é a questão da desigualdade, em particular da dívida dos países mais pobres do mundo, além de transição energética.
“Um terceiro tema que vamos discutir é a questão da governança mundial. Não é possível que as instituições de Bretton Woods, Banco Mundial, FMI, e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada tivesse acontecendo no mundo, como se tivesse tudo resolvido”, afirmou.
“Muitas vezes instituições que emprestam dinheiro, não com o objetivo de salvar o país que está tomando o dinheiro emprestado, mas para pagar dívida, e não para produzir um ativo produtivo, em uma demonstração que não há contribuição para salvar a vida dos países”, acrescentou o presidente.
“Estamos vendo o que aconteceu na Argentina, estamos vendo o continente africano com US$ 800 bi [R$ 3,9 trilhões] de dívida e que, se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos e os pobres vão continuar pobres”, completou. O presidente falou que a questão da desigualdade será um dos focos da presidência brasileira do G20.
“Um deles [dos assuntos que serão discutidos] é a questão da desigualdade, da fome e da pobreza. Não é mais humanamente explicável um mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, ter gente passando fome”, afirmou
Lula participou da reunião de instalação da Comissão Nacional do G20, no Palácio do Planalto. O Brasil vai assumir no dia 1º de dezembro a presidência do bloco, que reúne as 19 maiores economias do mundo e mais a União Europeia e a União Africana.
O mandato brasileiro vai até o dia 30 de novembro do próximo ano.
Também participaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ministros do governo Lula.
A participação de Campos Neto acontece após meses de uma retórica agressiva do presidente Lula contra o BC e o próprio dirigente, por causa da taxa de juros. Lula brincou com o fato.
“A novidade, para quem achava que o Banco Central não participava de reunião, o Roberto Campos, presidente do Banco Central, que está [aqui] cumprindo aqui uma tarefa tanto como a nossa de participar dos compromisso do G20.”
Durante a sua presidência, o Brasil deverá sediar mais de cem reuniões oficiais em diferentes cidades do país. A principal delas será a 19ª Cúpula de chefes de Estado, em novembro de 2024, no Rio.
Os primeiros eventos do G20 durante a presidência do Brasil vão acontecer já em dezembro deste ano, em Brasília, no Palácio do Itamaraty. Nos dias 11 e 12, vão se reunir os integrantes do grupo Sherpa, que são os representantes pessoais dos próprios chefes de Estado ou de governo dos países membros.
No caso do Brasil, por exemplo, o representante será o embaixador Maurício Lyrio, que é secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.
No dia 13, acontecerá um encontro do presidente Lula com os representantes das duas tríades (tanto a Sherpa como do núcleo financeiro).
Os dois dias subsequentes serão destinados para o encontro dos núcleos financeiros do G20. A representante brasileira é a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.
RENATO MACHADO E NATHALIA GARCIA / Folhapress