FORTALEZA, CE, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) participou na manhã deste sábado (3) da convenção que oficializou a candidatura do deputado estadual Evandro Leitão (PT) à Prefeitura de Fortaleza, consolidando a capital cearense como prioridade do partido nas eleições municipais de outubro.
Em discurso na convenção, o presidente evitou críticas ao prefeito José Sarto (PDT), que é aliado do ex-presidenciável Ciro Gomes e que tentará a reeleição. Mas afirmou que Fortaleza “pode mais” ao defender a eleição de Evandro.
Destacou ainda o trabalho e a liderança do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), governador do Ceará de 2015 a 2022 e principal fiador da candidatura de Evandro em Fortaleza.
“Essa cidade merece mais, ela pode mais. Depois da passagem do Camilo [Santana] pelo governo, esse estado ficou mais importante, mais respeitado. É preciso a gente trazer grandeza do ceara para Fortaleza”, afirmou o presidente, que usou uma máscara cirúrgica no rosto durante todo o evento.
O PT terá candidatos próprios à prefeitura em 14 capitais, mas Fortaleza foi a única na qual a convenção teve a presença de Lula. O presidente ainda participou em julho da convenção de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo e de Luiz Fernando Teixeira (PT) em São Bernardo do Campo, cidade que é seu berço político.
Na cúpula nacional do PT, Fortaleza é vista como prioridade para reverter o cenário adverso das eleições de 2020, quando o partido não elegeu prefeitos em capitais. A sigla também aposta alto em vitórias em Teresina e Porto Alegre.
A convenção foi realizada no Centro de Formação Olímpica e reuniu cerca de 7.000 pessoas, segundo os organizadores. Ao chegaram ao local do evento, Evandro Leitão, Camilo Santana e o governador Elmano de Freitas, todos do PT, foram carregados nos ombros por apoiadores até o palanque.
Evandro Leitão é presidente da Assembleia Legislativa do Ceará e tem uma trajetória política ligada ao grupo dos ex-governadores Cid e Ciro Gomes. Deixou o PDT e filiou-se ao PT em dezembro em meio ao rompimento entre os irmãos Gomes.
Cristão-novo no partido, travou uma disputa interna com a ex-prefeita Luizianne Lins, em um embate que deixou cicatrizes -a petista não participou da convenção do aliado neste sábado.
Evandro venceu as prévias respaldado pelo ministro Camilo Santana e pelo deputado federal José Guimarães, líder do governo Lula na Câmara.
Após a indicação, buscou costurar uma aliança ampla que chegou a nove partidos: PT, PC do B, PV, MDB, PP, PSB, PSD, Republicanos e Solidariedade. A deputada estadual Gabriella de Aguiar (PSD) foi escolhida como vice – ela é filha de Domingos Filho, que foi vice-governador de Cid Gomes de 2011 a 2014.
A aliança com o PSD, partido que em 2022 se aliou ao PDT na disputa estadual, representou uma baixa para o prefeito José Sarto. Uma eventual derrota do prefeito pode consolidar o esvaziamento do PDT sob a liderança de Ciro Gomes -até 2022, o partido era o maior do Ceará em número de prefeitos.
Aliado de Lula em seus dois primeiros mandatos como presidente, Ciro afastou-se do PT desde 2018 e tem feito críticas ao governo Lula. No Ceará, faz oposição à gestão do governador.
A presença de Lula na convenção é vista como um trunfo do PT em uma eleição que promete ser acirrada na capital cearense.
O petista terá como principais adversários o prefeito José Sarto, o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil) e o deputado federal André Fernandes (PL). Também concorrem o senador Eduardo Girão (Novo) e os candidatos Tércio Nunes (PSOL) e Zé Batista (PSTU).
Na pré-campanha, Evandro buscou polarizar a disputa com José Sarto, que era seu aliado até o ano passado, e tenta conquistar o eleitorado de esquerda e centro-esquerda na capital cearense. O petista tem criticado atuação do prefeito em áreas como a saúde, transporte público e zeladoria da cidade.
O prefeito, por sua vez, mirou o governador Elmano de Freitas e escalou as críticas em relação à segurança pública. Dados do Anuário Brasileiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam o Ceará como o sexto estado brasileiro com maior número de crimes violentos.
KELLY HEKALLY E JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress