GENEBRA, SUÍÇA (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) disse nesta quinta-feira (13) ao chegar a Genebra que vai conversar com o ministro Juscelino Filho (Comunicações) sobre o indiciamento dele pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção e outros crimes ligados a desvios de emendas parlamentares.
“Eu acho que o fato de o cara estar indiciado não significa que o cara cometeu um erro. Significa que alguém está acusando e a acusação foi aceita”, disse o presidente ao ser questionado pela reportagem.
“Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes. E ele tem o direito de provar que é inocente. Eu não conversei com ele. Vou conversar hoje e vou tomar uma decisão sobre esse assunto”, completou.
A PF concluiu que o ministro filiado à União Brasil integra uma organização criminosa e cometeu o crime de corrupção passiva relacionado a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf.
Juscelino foi indiciado sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
O ministro criticou a atuação da PF e disse que o indiciamento é uma “ação política e previsível”.
“Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar”, afirmou Juscelino.
As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, e bancadas por emendas parlamentares indicadas pelo ministro de Lula no período em que ele atuava como deputado federal.
Lula chegou a Genebra às 6h24 da manhã (1h24 da manhã em Brasília) e seguiu para o hotel Président Wilson, às margens do lago Léman.
À tarde, discursa na sede da ONU (Organização das Nações Unidas) no encerramento do fórum da Coalizão Global pela Justiça Social, iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para discutir soluções para questões trabalhistas em todo o planeta.
O evento ocorre em meio à programação da Conferência Internacional do Trabalho, realizada anualmente pela OIT, reunindo representantes de governos, trabalhadores e empregadores.
Lula viajou com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Outro ministro, Luiz Marinho, do Trabalho, já estava na Suíça para participar da conferência.
À tarde, o presidente tem marcado um encontro bilateral com a presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd; e uma homenagem ao escritor Paulo Coelho, que mora na Suíça. Lula vai carimbar um selo comemorativo aos 35 anos da publicação de “O Alquimista”, livro mais famoso de Coelho.
À noite, Lula e comitiva seguem para a região da Puglia, na Itália, onde o presidente é convidado da cúpula do G7, grupo que reúne sete das maiores economias do mundo e a União Europeia.
ULTRADIREITA
Em Genebra, o presidente falou também sobre o avanço da ultradireita na Europa. Ele falou que a democracia corre risco e disse que os que a defendem precisam lutar.
“Então, acho que é um perigo, mas eu acho que é um alerta também. As pessoas que têm sentido em respeitar a democracia, têm que brigar para que a democracia prevaleça na Europa, na América do Sul, na América Latina, na Ásia, em tudo o que é lugar”, disse.
ANDRÉ FONTENELLE / Folhapress