Lula reclama de fake news sobre ação do governo no RS e faz comparação com Bolsonaro de jet ski

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira (7) a divulgação de fake news em relação às ações do governo federal e de outras entidades no enfrentamento às inundações no Rio Grande do Sul.

Em meio à tragédia no Sul do país, Lula também usou a sua fala em uma entrevista para atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), relembrando que ele andava de jet ski durante as enchentes na Bahia, no final de 2021.

“Eu lembro quando teve a cheia na Bahia, em 2022. Eu lembro que o presidente da República estava passeando em um jet ski em Fernando de Noronha e não se preocupou. Eu lembrei esse caso para chamar a atenção para o seguinte: ainda tem muita fake news contando mentira sobre o Rio Grande do Sul, desmerecendo as pessoas que estão trabalhando”, afirmou Lula.

Nesta segunda (6), o senador Cleitinho (Republicanos-MG) divulgou em suas redes sociais uma das notícias falsas que circula sobre a tragédia, de que caminhões com doações estão sendo barrados pelo governo gaúcho por falta de nota fiscal.

O secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, precisou fazer um apelo para que as pessoas não compartilhem a informação falsa: “As doações estão passando isentas. Não há nenhuma cobrança de impostos”.

A reportagem procurou o senador Cleitinho para perguntar se ele vai manter o vídeo no ar e por que a informação não foi checada. Não houve resposta até a atualização deste texto.

Nesta terça, Lula concedeu entrevista a um conjunto de sete rádios: Nacional da Amazônia, Nova Brasil (SP), Banda B (PR), Verdinha (CE), Itatiaia (MG), Gaúcha (RS) e Centro América (MT).

O Planalto destacou que era uma edição especial do programa “Bom dia, ministro”, que recebe os titulares do governo para contar as ações de suas pastas. Dessa vez, chamou-se “Bom dia, presidente”.

A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) informou que não se trata de uma substituição da live “Café com o presidente”, que parou de ser realizada por causa da baixa audiência.

O presidente afirmou que os recursos para as primeiras ações emergenciais vão começar a ser liberados nesta terça-feira (7) pelos ministérios do governo. Ele ainda acrescentou que “não haverá falta de recursos” para atender as necessidades da população atingidas pelas fortes chuvas.

“Eu disse para o governador [Eduardo Leite] que a gente tem a intenção de ajudar também nas estradas estaduais [danificadas]. Então por enquanto estamos naquela fase que o emergencial vai ser liberado a partir de hoje. Vários ministérios já têm autorização para começar a liberar os recursos iniciais para os primeiros socorros e depois a gente vai trabalhar junto com o governador o projeto [de reconstrução]”, afirmou o presidente.

O mandatário ainda acrescentou que o governador Eduardo Leite deve vir em breve a Brasília, para tratar da reconstrução do estado. Apontou que uma das dificuldades iniciais é que muitos prefeitos ainda não têm uma noção clara dos danos causados às cidades, justamente porque há áreas que ainda estão inacessíveis.

O Rio Grande do Sul vem sofrendo há dias com fortes chuvas, que já deixou 90 mortos. O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 132 desaparecidos, além de 361 feridos.

Várias cidades do estado, inclusive a capital Porto Alegre, estão embaixo de água. De acordo com a Defesa Civil, há 48.147 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 155.741 desalojados.

Do total de 497 municípios do estado gaúcho, 388 foram afetados pelas fortes chuvas da região.

Nesta segunda, Lula enviou ao Congresso um projeto de decreto legislativo reconhecer estado de calamidade pública em parte do território nacional, em decorrência da tragédia climática no Rio Grande do Sul.

A proposta busca facilitar a liberação de verbas ao estado e já foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Falta ser votada pelos senadores.

Sua aprovação abre caminho para descontar da meta fiscal do governo federal os gastos com assistência emergencial e recuperação do estado, bem como as eventuais renúncias de receitas necessárias para dar apoio ao governo gaúcho.

RENATO MACHADO E THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress

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