BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do padre Júlio Lancellotti, que é alvo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das ONGs, que deve ser instalada a partir de fevereiro na Câmara Municipal de São Paulo.
Lula afirmou nesta quinta-feira (24) em sua rede social que “graças a Deus” o país tem pessoas como o religioso e que o trabalho dele e o da Diocese de São Paulo são “essenciais” para assistir a população em situação de vulnerabilidade social.
“Graças a Deus a gente tem figuras como o @pejulio, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania as pessoas em situação de rua”, escreveu o presidente.
“Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”, completou.
Proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), a CPI tem como alvo o trabalho de ONGs que atuam no centro da capital paulista, especialmente na região da cracolândia. Nas redes sociais e em entrevistas, no entanto, o vereador deixa claro que o principal alvo é o padre, de quem é um crítico.
O parlamentar mira também duas entidades, o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo A Craco Resiste. As duas entidades, argumenta, seriam próximas do religioso.
Ao Painel, o padre disse que não faz parte de nenhuma ONG, que não tem qualquer envolvimento com projetos que envolvam dinheiro público e que, por isso, não vê sentido em ser investigado.
“Se eu for chamado a falar, de que ONG vão falar que eu sou? Ou, se me convocarem, estarão convocando a Arquidiocese de São Paulo. A minha ação é da Arquidiocese, que não é ONG e não é conveniada com a prefeitura. Não vão encontrar dinheiro público em nenhuma das ações”, afirmou.
“O que a Câmara pode fazer é fiscalizar dinheiro público. Não existe CPI para fiscalizar a igreja”, acrescentou.
Outros membros do governo já haviam saído em defesa de Júlio Lancellotti. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), por exemplo, também usou seu perfil na rede social X para afirmar que a CPI é uma forma de perseguição ao religioso.
“A proposta de uma CPI contra o padre Júlio Lancellotti é inacreditável e parece uma tentativa de perseguição a defensores da justiça social. Manifesto total solidariedade e apoio ao @pejulio, conhecido mundialmente por suas ações de caridade”, escreveu.
RENATO MACHADO / Folhapress