Lula tem encontro com cotados à PGR às vésperas de fim do mandato de Aras

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) recebeu nos dois últimos dias, no Palácio do Planalto, os dois principais candidatos para sucederem Augusto Aras no comando da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Os encontros aconteceram fora da agenda do mandatário. Para alguns aliados próximos, isso sinaliza que ele não tem pressa para fazer a indicação, mesmo que isso signifique alguns dias de “mandato tampão”, após o encerramento do mandato de Aras.

Outra ala, porém, defende que Lula não deixe o órgão muito tempo nas mãos de um interino e trabalha para que Lula faça a indicação antes de o atual PGR ter de deixar o comando do órgão, no dia 26 de setembro.

No fim da tarde desta quinta-feira (14), Lula teve uma reunião no Palácio do Planalto com o procurador-geral eleitoral Paulo Gustavo Gonet Branco.

O presidente recebeu no dia anterior o subprocurador-geral Antonio Carlos Bigonha.

Os encontros aconteceram às vésperas do embarque para uma viagem oficial ao exterior, primeiramente para Havana (Cuba), onde participa da cúpula do G77, e depois para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York (Estados Unidos). O seu retorno está previsto para o dia 21.

Após o encaminhamento da mensagem oficial ao Senado, o nome indicado por Lula ainda precisará ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça daquela Casa legislativa e depois a indicação precisará ser votada no plenário pelos senadores.

Aliados apontam que Lula sempre manifestou preferência por um nome que fosse próximo a ele, mas encontrou dificuldades para encontrar esse quadro. Por isso tem dito que não tem pressa para tomar a decisão final, que vai avaliar com cautela todos os nomes, prós e contras.

O mandatário tem avaliado não ver problema com alguns dias de mandato tampão na PGR, apesar de alguns aliados terem aconselhado a evitar essa possibilidade. Por isso, uma ala dos envolvidos nas discussões sobre a sucessão na PGR quer tentar convencer o presidente a decidir sobre o tema nos próximos dez dias.

Tanto Bigonha como Gonet não fazem parte da lista tríplice elaborada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). O presidente tem dito nos últimos meses que não seguiria a lista, apontando como motivo a “irresponsabilidade” da operação Lava Jato.

No entanto, alguns conselheiros sugeriram que ele, pelo menos, recebesse os nomes presentes na lista. Embora não tenha ainda encontros com esses nomes, outros membros do seu governo já tiveram reuniões com os indicados pela ANPR.

Alexandre Padilha (Relações Institucionais), por exemplo, já manteve reunião com a subprocuradora-geral Luiza Frischeisen. O ministro Flávio Dino (Justiça) teve reunião com ela, com Mário Bonsaglia e José Adonis. Lula ainda não manifestou intenção de encontrá-los.

Paulo Gustavo Gonet Branco ganhou força por ter o apoio nos bastidores dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

Ao mesmo tempo, é justamente essa proximidade que o prejudica. Uma ala do governo avalia que nomeá-lo significaria fortaleceria demais a dupla do STF.

Gonet é o chefe do braço da PGR que trata de direito eleitoral e atua perante o TSE. Após uma atuação discreta à frente do órgão no período eleitoral, ele foi autor de uma contundente manifestação contra Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da corte eleitoral que tornou o ex-presidente inelegível.

Já Antonio Carlos Bigonha é próximo de figuras importantes do PT.

O presidente da República já sinalizou ter descartado a recondução de Augusto Aras. Apesar de ter simpatia de parte do mundo político, em particular por sua atuação ao enfraquecer a Operação Lava Jato, Aras enfrenta resistência por sua atuação durante o governo Bolsonaro.

Lula esteve com o atual procurador-geral ao menos duas vezes. Em agosto, em encontro registrado na agenda oficial, Aras ressaltou a importância do MPF (Ministério Público Federal) para a democracia na gestão Bolsonaro.

Ainda reforçou que teve papel chave para acabar com a operação Lava Jato e minimizar a criminalização da política.

JULIA CHAIB, RENATO MACHADO E THIAGO RESENDE / Folhapress

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