BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) busca uma espécie de trégua entre grupos políticos adversários em Alagoas, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e do senador Renan Calheiros (MDB-AL), para evitar que as desavenças cresçam e eventualmente contaminem a agenda do governo federal.
O chefe do Executivo fez nesta terça-feira (12) uma reunião no Palácio do Planalto com os principais atores políticos envolvidos nos conflitos. Além de Renan e Lira, estiveram presentes o ministro Renan Filho (Transportes), o prefeito de Maceió e aliado do presidente da Câmara, João Henrique Caldas (PL), e o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), além de parlamentares.
Segundo relatos, não houve sobressaltos, mas o encontro foi tenso devido aos embates e posicionamentos distintos. Ao final do dia, a avaliação é de que uma trégua ainda está distante do cenário.
Lula teria pedido para diminuir a temperatura e serenar os ânimos. Ele também se colocou como uma pessoa que pode mediar o conflito para tentar resolver os problemas da população de Maceió, num primeiro momento, e para atender os interesses da prefeitura e do estado.
O petista teria dito que é preciso buscar unidade neste momento, respeitando o posicionamento político de cada um.
Após a reunião, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que o encontro serviu para firmar um “pacto” de “deixar eventuais disputas políticas de lado”. “Para colocar em primeiro lugar a situação da população”, afirmou.
Ele disse ainda que a reunião não tratou sobre acordos e ações judiciais já apresentados, além do pedido de abertura de CPI para investigar o colapso da mina. “O que o presidente Lula fez foi um apelo para que a centralidade do debate não seja na política”, afirmou o ministro.
“Não necessariamente é um problema federal. O presidente está, como líder político que é, buscando uma solução”, disse Rui Costa.
Lula tem a preocupação de buscar uma saída pela política, como ele costuma dizer, mas sem trazer os problemas para a União. Há um entendimento no Palácio do Planalto de que os movimentos pela conciliação devem ser calculados de forma precisa para que a crise não se torne uma crise do governo federal.
Apesar dos esforços, os que estão envolvidos no conflito celebram a tentativa do governo federal em ajudar, mas não sinalizam por uma trégua.
Há uma leitura de que a crise é anterior ao desabamento da mina 18 da Braskem, no último domingo (10), de que o problema não é político, mas criminoso, e de que dificilmente o governo federal poderá paralisar iniciativas dos dois lados.
A instalação da CPI da Braskem está prevista para esta quarta-feira (13). O senador Omar Aziz (PSD-AM) -que presidiu a CPI da Covid em 2021- deve ser eleito presidente. Calheiros é apontado como relator.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, a crise na capital alagoana vem provocando um embate entre o governo do petista e o grupo político do presidente da Câmara dos Deputados. Lira é aliado do prefeito, e Renan, do governador.
Ainda que Lira não seja aliado do Planalto assim como a família Calheiros, há um temor de desagradar o presidente da Câmara, que controla a pauta da Casa e tem poder sobre o voto de maior parte dos parlamentares.
Por outro lado, integrantes do governo também admitem que a instalação da CPI poderia tumultuar a agenda do governo no Senado. E há um temor de que a disputa entre dois importantes grupos políticos no Congresso possa contaminar a pauta do governo federal.
MARIANNA HOLANDA, MATEUS VARGAS, VICTORIA AZEVEDO E THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress