Lula visita o RS após 3 dias de temporais e diz que não faltará recurso, mas não detalha ajuda

CURITIBA, PR, E SANTA MARIA, RS (FOLHAPRESS) – Três dias após o início dos temporais que causaram uma série de mortes no Rio Grande do Sul, o presidente Lula (PT) chegou à cidade de Santa Maria na manhã desta quinta-feira (2) para acompanhar os trabalhos de apoio às vítimas. Ele foi recebido pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Eles já haviam conversado por telefone na quarta-feira (1º).

Apesar de Lula anunciar que não faltariam recursos, o governo federal não detalhou a ajuda financeira que será direcionada para o estado —o presidente também não fez nenhum anúncio oficial de verbas para auxiliar as mais de 70 mil pessoas afetadas pelas chuvas.

O Rio Grande do Sul já registra 29 em decorrência das chuvas desde segunda-feira (29), de acordo com a Defesa Civil. Além disso, 60 pessoas estão desaparecidas.

Ao todo, 154 municípios foram afetados. Há inundações e alagamentos, além de relatos de pessoas ilhadas em vários municípios. São ao menos 10.242 pessoas desalojadas e 4.645 em abrigos.

A comitiva do presidente, com seis ministros, chegou à base aérea de Santa Maria por volta das 10h30. Devido ao mau tempo, não foi possível fazer um sobrevoo nas áreas mais atingidas, como estava previsto inicialmente.

Logo após uma reunião entre as autoridades federais e locais, Lula afirmou que “não permitirá que falte recurso para reparar os danos” causados pelas chuvas.

“Em um primeiro momento, temos que salvar vidas. Em um segundo tempo, vamos fazer a avaliação dos danos e buscar dinheiro para reparar”, disse o presidente.

“Eu fiz questão de trazer os ministros aqui porque eu quero que cada um deles assuma, não apenas na minha frente, mas também na frente da imprensa, um compromisso para minimizar o sofrimento que esse evento extremo da natureza está causando no estado. É o segundo em um ano que acontece. Então é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor”, disse Lula.

Na comitiva, além da primeira-dama, Janja Lula da Silva, estavam os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação).

Também foram ao local o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o chefe do gabinete do Comandante da Aeronáutica, major-brigadeiro do ar Antonio Luiz Godoy Soares.

O governador agradeceu o apoio federal e voltou a dizer que se trata do “pior desastre climático” do estado. Leite acrescentou que, na comparação com outros recentes eventos extremos —como aqueles ocorridos em setembro e novembro do ano passado—, o que chama atenção agora é que a chuva não deu nenhuma trégua e as aeronaves estão com dificuldade para chegar aos locais. “Desde terça-feira [30], o mau tempo afeta os voos”, disse ele.

“Já é e será o pior desastre climático do nosso estado. O foco absoluto é no resgate das pessoas e em salvar vidas. Estamos perfeitamente alinhados nisso, presidente Lula”, afirmou o governador.

O presidente Lula voltou para Brasília por volta das 15h. No começo da noite, a Casa Civil do governo federal instalou uma sala de situação para monitorar de maneira permanente a situação do estado.

O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, citou a mobilização do Executivo federal e alertou que a situação de Porto Alegre e região deve ficar ainda pior nos próximos dias. Rui Costa, por sua vez, afirmou que outra comitiva do governo federal deve ir ao Rio Grande do Sul até o início da próxima semana.

Durante a visita do presidente, também foi anunciado a montagem de um hospital de campanha em Lajeado, no Vale do Taquari. O comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, disse que a estrutura terá 40 leitos de enfermaria. “Será um local para triagem e recepção, com dois consultórios e uma emergência”, afirmou ele.

Segundo o governo federal, as Forças Armadas atuam com 626 militares na região. Há 45 viaturas e 12 embarcações e botes de resgate enviados pela Marinha e Exército, além de oito aeronaves.

O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública em edição extra do Diário Oficial publicada na noite desta quarta.

Nos próximos dias, as regiões norte e nordeste do estado também devem começar a sofrer as consequências das chuvas. Locais com barragens estão sob alerta e os planos de atendimento em caso de emergência foram ativados.

Nesta quinta, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), afirmou que o Judiciário vai destinar recursos ao Rio Grande do Sul. No início da sessão do STF, ele informou da disponibilização de recursos recolhidos em multas aplicadas pela Justiça. A oficialização será feita via CNJ.

“Estamos preparando um ato normativo liberando verbas de fundos do Poder Judiciário de recolhimento de multas e algumas outras com algum grau de discricionariedade para serem direcionados à conta dos flagelados no Rio Grande do Sul para todo o país, solidariamente, ajudar nesse momento trágico daquele estado da federação que é muito querido de todos nós”, disse.

De acordo com a recomendação assinada por Barroso e pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, tribunais estaduais, tribunais de Justiça Militar e tribunais regionais federais podem autorizar os juízos criminais a repassar valores depositados como pagamento de prestações pecuniárias e outros benefícios legais à conta da Defesa Civil daquele estado.

CATARINA SCORTECCI E MELINA GUTERRES / Folhapress

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