Lulu Santos mostra no Rock in Rio por que é o artista perfeito para o festival

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de um show de aviões que fizeram manobras no ar e espalharam fumaça colorida pelo céu do Rio de Janeiro, Lulu Santos abriu o palco Mundo do Rock in Rio, o principal do festival, e entregou um show celebrado, com clima de festa de matinê.

Uma brisinha que amenizava o calor carioca criou o clima praiano ideal para as faixas de Lulu, que teve seu auge nos anos 1980 e 1990 –e que depois viu suas músicas chegarem nos filhos daqueles que os acompanhavam.

O público do artista neste domingo já era bem grande para um show às 16h e ligeiramente mais velho que o de ontem, repleto de novinhos fãs de trap. Estava também mais diverso, com pessoas de gerações diferentes cantando o repertório imenso de hits do artista –que certamente detém um dos maiores cancioneiros pop do Brasil.

Logo no começo, o carioca emendou uma tríade com alguns de seus maiores sucessos “Um Certo Alguém”, “O Último Romântico” e a faixa-título de seu álbum de estreia de 1981, “Tempos Modernos”.

Da plateia, pessoas acompanhavam com palminhas e levantavam copos de cerveja e celulares em ligações de vídeo com os parentes que estavam em casa.

Lulu é a atração perfeita para o Rock in Rio, festival que nasceu poucos anos depois de ele lançar sua carreira –tanto que tocou na primeira edição do do evento, há 40 anos, e voltou ao lineup em outros momentos.

É carismático, faz um show coeso e tem letras que parecem implantadas na memória de qualquer brasileiro. Em sua música, capturou como poucos a sensação do que é ser jovem e fez letras que envelheceram bem, ideais para serem cantadas bem alto.

Sonoramente, a surf music a qual se dedicou por anos cai bem em festivais, e a mistura que fez ao longo dos anos –com gêneros como R&B, rock e soul– costuma agradar a públicos muito diversos.

Na apresentação, Lulu convidou para o palco o bloco de Niterói Sinfônica do Ambulante e Gabriel, o Pensador, que cantou “Cachimbo da Paz” e “Astronauta”, de 1998 e 1999, respectivamente, aumentando mais o clima de revival.

A nostalgia não quer dizer, no entanto, que Lulu parou no tempo -embora não tenha alcançado novamente sucedo parecido com o do começo.

Ele mistura funk em suas músicas, como em “Como uma Onda”, introduzida com batidas leves de funk, e altera algumas letras. Em “Toda Forma de Amor”, por exemplo, altera o verso “eu sou seu homem e você é a minha mulher” para dizer que ele é um homem e “você é o que quiser”.

Nem sempre dá certo, como no álbum “Atemporal”, lançado neste ano com versões duvidosas de suas músicas ao lado de nomes como Luisa Sonza e Pedro Sampaio, mas seu público parece firme o bastante. Aos 71 anos, Lulu Santos ajuda a conservar a parte boa da época em que o Rock in Rio nasceu.

LAURA LEWER / Folhapress

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